Economia

Aplicar em PGBL pode reduzir imposto, mas há restrições

Já é de praxe o crescimento dos aportes em planos de previdência nos últimos meses do ano. De olho no Leão, muitos investidores colocam suas economias em um PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) a fim de garantir abatimento no Imposto de Renda (IR) a ser entregue no ano seguinte. Essa estratégia, porém, não vale para todos: segundo especialistas, ela só compensa para quem tem renda anual acima de R$ 120 mil.

Quem aplica em PGBL pode deduzir até 12% da renda tributável, o que faz com que a alíquota do IR incida sobre uma base menor, reduzindo o valor do imposto. No entanto, a conta chega mais à frente: ao resgatar o investimento no futuro, haverá a incidência de IR – por isso, a estratégia só é indicada para uma renda mais alta e para quem pode manter a aplicação no longo prazo.

“Notamos uma alta nos aportes no fim do ano, mas muitas vezes por desconhecimento do próprio gerente que indica o produto, já que essa nem sempre é a melhor opção para o investidor”, explica a planejadora financeira Annalisa Blando Dal Zotto.

De maneira geral, a orientação é fazer um PGBL quando a declaração de IR é completa. Para a versão simplificada, o VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres) é mais indicado.

No entanto, Annalisa destaca que, para quem ganha abaixo de R$ 120 mil por ano e que não teve despesas médicas altas para abatimento, optar pela versão simplificada de declaração e não aportar recursos no PGBL pode ser mais vantajoso do ponto de vista tributário. “Identificamos essa diferença depois de fazer muitas simulações para clientes. Isso porque, pelo modelo simplificado, já existe a dedução de 20%. Na declaração completa, o limite de dedução do IR com os aportes no PGBL é de até 12% da renda.”

Em uma simulação simples, considerando rendimentos brutos, uma pessoa com renda anual de R$ 50 mil conseguiria deduzir do IR até R$ 6 mil na declaração completa com os aportes no PGBL. Já pela versão simplificada, pode abater até R$ 10 mil.

O sócio do banco e responsável pelo BTG Pactual digital, Marcelo Flora, concorda que, dependendo da renda, o desconto da simplificada pode ser mais interessante. “A dedução padrão desse grupo é de até R$ 16 mil, então para quem tem renda mais baixa, não faz tanto sentido fazer um PGBL.”

Também é importante levar em conta o tipo de tributação: tabela progressiva ou regressiva. “Para o longo prazo, a regressiva é a melhor opção, porque a alíquota de IR diminui e, além de postergar o pagamento do imposto, a pessoa paga uma alíquota menor”, explica o presidente da Federação Nacional de Previdência Privada (FenaPrevi), Edson Luis Franco.

Tal qual outros fundos de investimento, é preciso atentar para as taxas de administração. Segundo especialistas, taxas em torno de 1% ao ano são consideradas aceitáveis – muito acima disso, o retorno fica comprometido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Posso ajudar?