Estadão

Após reforma, Cine Marquise volta a receber público na Avenida Paulista

Após vinte meses fechado, o Cine Marquise reabre oficialmente já a partir desta quarta-feira, 20, sob os cuidados da Tonks, nova gestora do espaço. Abrigado no Conjunto Nacional, no número 2073 da Avenida Paulista, o local passou por uma completa reforma desde o fim do Cine Arte em fevereiro de 2020, pouco antes do início da pandemia do novo coronavírus, quando encerrou as atividades por questões financeiras.

Logo na entrada, ficam evidentes as diferenças. O lobby passa a recepcionar o espectador diretamente com uma cafeteria, fazendo uma inversão com a bombonière – que, agora, fica próxima da entrada das salas. Além disso, há mais cores no ambiente e espaço para pôsteres de filmes. "O nome é para homenagear os cinemas de rua, espalhadas pelo mundo", explica Marcelo Lima, CEO da Tonks, empresa responsável por gerir o cinema.

Também não existe mais a figura do bilheteiro. Os ingressos, que são vendidos aos finais de semana por R$ 38, podem ser adquiridos na bombonière ou, preferencialmente, pelos totens de autoatendimento e por aplicativos online. Quem tiver em seu nome uma conta da Sabesp, uma das patrocinadoras do local, pode ainda pagar meia-entrada – só exibir o número do RGI, que identifica o relógio de medição de consumo de casa, para o benefício.

Mas a mudança mais impactante, principalmente para os frequentadores de longa data do espaço, se dá dentro das salas. Agora rebatizadas de Sala Globoplay 1 e Sala Globoplay 2, por conta do patrocínio do serviço de streaming do Grupo Globo, há transformações estéticas e tecnológicas: nova tela, sistema de som Dolby de última geração, caixas de som no tetos, e poltronas mais confortáveis — chamadas pelo cinema de "semi VIP". Na primeira fileira, poltronas estilo chaise, como as da Cinesala.

No entanto, é interessante notar como muito do cinema quase sexagenário ainda persiste por ali. O piso das duas salas, por exemplo, foi restaurado em um delicado processo de recuperação. Além disso, Marcelo ressaltou que a programação continuará focada em filmes "de arte". "Não entram aqui filmes de super-heróis, blockbusters, mas filmes que fazem pensar. Principalmente independentes e nacionais. Não vamos deixar de exibir Matrix, mas vamos também exibir Marighella, Uma Noite em Veneza", diz.

Agora, já nos próximos dias, o Cine Marquise vai passar por uma prova de fogo: exibir filmes da programação da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo na sala principal. Na Sala Globoplay 2, enquanto isso, Duna e Sob as Escadas de Paris. A ideia é manter esse formato de eventos especiais no espaço, como a Mostra. "Temos um auditório enorme em uma região famosa. Teremos pré-estreias, coletivas, encontros corporativos", diz Marcelo.

"Queremos que esse espaço esteja ocupado de manhã, tarde e noite para não vivermos apenas das vendas de ingressos. Queremos movimento para difundir a cultura da melhor forma possível."

<b>História do Cine Marquise</b>

1963: o espaço do Conjunto Nacional na Avenida Paulista virou cinema, com o nome de Cine Rio. Era uma sala de 500 lugares.

1978: o Cine Rio fechou as portas logo após um incêndio que destruiu a fachada e parte do Conjunto Nacional.

1982: depois de quatro anos com as portas fechadas, reabriu como Cine Arte Um.

2002: já com o nome de Cinearte, o local passa a ser administrado por Adhemar de Oliveira e Leon Cakoff, executivos da área de São Paulo.

2005: com um novo patrocínio, passa a se chamar Cine Bombril.

2010: de novo, mudanças. Agora o patrocínio faz o local mudar para o nome de Cine Livraria Cultura.

2018: depois da livraria interromper o patrocínio, chega a vez do cinema passar a se chamar Cinearte Petrobras.

2019: no entanto, o patrocínio dura pouco. A empresa deixa de fazer investimentos por orientação do governo federal.

2020: em fevereiro, depois de quase um ano sem patrocínio, Adhemar de Oliveira encerra as atividades.

2021: sob cuidados do grupo Tonks, o local reabre com o nome de Cine Marquise.

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