Após uma rígida quarentena de 80 dias, o governo argentino liberou ruas e parques de Buenos Aires na segunda-feira à noite para atividades ao ar livre. As cenas de multidões aglomeradas e sem máscaras fizeram o presidente Alberto Fernández escrever alarmado para o prefeito da cidade, Horacio Larreta Rodríguez: "Está mal, não pode continuar", disse Fernández.
Argentina pode voltar à quarentena mais dura
O temor do governo argentino é com a disparada no número de casos de coronavírus. O país registrou ontem mais um recorde diário de infecções, com 1.226 nas últimas 24 horas, o que elevou o total desde o começo da pandemia para 25.987.
Segundo o relatório do Ministério da Saúde argentino, 735 pessoas morreram até agora de covid-19, 18 delas nos últimos dois dias. O foco da pandemia continua sendo a Área Metropolitana de Buenos Aires (Amba), com um total de 12.487 casos.
O aumento no número de casos ocorre em meio à reabertura de províncias. Diante da velocidade de contágio, o presidente já avalia acionar o retorno à fase 1 da quarentena, ou seja, com um bloqueio mais rigoroso.
Escolas permanecem fechadas e estão proibidos eventos esportivos ou culturais. Voos comerciais só serão retomados em 1º de setembro. Mas houve permissão para a retomada das atividades físicas, à noite, e a liberação de algumas ruas e parques. Esse processo foi o que irritou Fernández.
"Se digo que podem passear por uma praça, saem para correr e lotam a praça. A dúvida é se a solução é abrir mais praças. Se faço isso, estou convidando mais gente a correr", disse em uma entrevista à Radio Mitre.
Diferentemente do Brasil, na Argentina os Estados são chamados de "províncias" e possuem ministros específicos. O ministro da Saúde da Província de Buenos Aires, Daniel Gollán, alertou ontem sobre os riscos da reabertura obrigatória.
"Se a quarentena for suspensa, em 15 ou 20 dias começaremos a ver as imagens de Nova York, Manaus, Itália ou Espanha, com cadáveres empilhados em câmaras frigoríficas ou em residências de idosos", afirmou Gollán. "Você precisa retroceder de fase. Estamos na parte ascendente da curva." (Com agências internacionais)