O Exército do Azerbaijão retomou nesta sexta, 20, o controle do Distrito de Aghdam, cedido pelos separatistas armênios de Nagorno-Karabakh, como prevê o acordo de cessar-fogo que pôs fim a seis semanas de guerra. Foi a primeira das três devoluções ao Azerbaijão de territórios que as forças armênias controlaram por quase 30 anos, após uma primeira guerra, nos anos 90, que deixou 30 mil mortos e centenas de milhares de deslocados.
"Parabéns a todos os cidadãos de Aghdam. Eles não são mais refugiados, eles retornarão para suas terras ancestrais", disse o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, em declarações na TV depois que o Exército entrou no distrito.
Em Baku, a conquista foi recebida com alegria e muitos moradores agitaram a bandeira do Azerbaijão nas ruas.
Assinado em 9 de novembro e negociado pelo presidente russo, Vladimir Putin, o acordo confirma a derrota armênia após seis semanas de combates que deixaram milhares de mortos, mas permite a sobrevivência da autoproclamada república de Nagorno-Karabakh, mesmo co a perda de muito terreno.
Além dos territórios conquistados dentro da própria região de Nagorno-Karabakh, como Shusha – segunda cidade da província -, o Azerbaijão recupera os sete distritos azerbaijanos que eram uma espécie de barreira de segurança para os separatistas. Depois de Aghdam, será a vez de Kalbakhar, em 25 de novembro, e de Lachin, em 1.º de dezembro.
<b>Casas incendiadas</b>
Em Aghdam, os armênios não esperaram a chegada das forças de Baku para deixar o local. Muitos preferiram atear fogo em suas casas antes de irem embora, para que nenhum azerbaijano pudesse morar nelas. Outros decidiram transportar as próprias residências.
Enquanto colocavam seus pertences em seus veículos, os últimos habitantes partiram menos de uma hora antes da chegada do Exército azerbaijano. Um controle armênio e um posto de controle do Exército russo também foram estabelecidos na estrada, agora deserta, entre Nagorno-Karabakh e Aghdam. Na quinta-feira, soldados armênios já haviam destruído seu quartel-general em Aghdam, uma cidade em ruínas por quase 30 anos, onde os separatistas tinham uma base de retaguarda.
Na aldeia de Nor Maragha, dentro do distrito, os habitantes abateram rebanhos, recolheram vegetais e frutas e colocavam todos os seus pertences em carros e reboques.
O acordo que encerrou os combates é uma derrota para a Armênia. A oposição acusa o primeiro-ministro, Nikol Pashinyan, de ser um "traidor" e pede sua renúncia. O premiê rejeitou sair, mas substituiu ontem dois ministros de seu gabinete, incluindo o da Defesa, poucos dias após a demissão de seu chanceler.
Dezenas de manifestantes bloquearam as ruas do centro de Erevan e de Gyumri, aos gritos de "Nikol, vá embora!". O grupo foi dispersado pela polícia, que disse ter detido 25 pessoas.
"A Rússia enviou ontem tropas para reforçar seus guardas de fronteira na Armênia e garantir que o acordo de paz seja cumprido", disse o chefe do Serviço de Segurança Federal, Alexander Bortnikov.
A missão envolve 188 militares. Os guardas de fronteira russos permaneceram na Armênia após o colapso da União Soviética sob os termos de um tratado de 1992 entre os dois países. A Rússia enviou cerca de 2 mil soldados para a manutenção da paz em Nagorno-Karabakh nas últimas duas semanas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>