Michelangelo Antonioni iniciou os anos 1960 com os filmes que compõem a trilogia da solidão e da incomunicabilidade – A Aventura, A Noite, O Eclipse. Em 1963, a alienação burguesa virou neurose no caso Giovanna, a protagonista de O Deserto Vermelho – que no Brasil se chamou O Dilema de Uma Vida. Com Blow-Up, de 1967, iniciou nova fase – lançou-se ao mundo.
No Brasil, o filme virou Depois Daquele Beijo. Passa nesta segunda, 22, às 23 h, no Cineclube do Arte 1, que, na segunda passada, revisitou outro Antonioni, As amigas, de 1955. Com Blow-Up, ele foi a Londres, e fez um dos filmes definidores da década. O mundo estava mudando. Pílula, minissaia, Beatles. Todo esse receituário compunha o que se chamava de Swinging London. Antonioni foi investigar as mudanças. Trouxe a nova alienação.
Um fotógrafo, Thomas. A câmera é extensão do seu olho. Tira fotos de um casal num parque. Ao revelá-las, descobre que um crime foi cometido. Volta ao parque e não encontra o corpo. Sem cadáver, não há crime. A cidade explode num concerto de música. Thomas confronta-se com seu vazio. Antonioni baseou-se num original de Júlio Cortázar, Las Babas del Diablo. Bebeu na fonte de Hitchcock, Janela Indiscreta. Ganhou a Palma de Ouro, no filme que tem David Hemmings, Vanessa Redgrave, Sarah Miles.