Arte no interior

Localizada a cerca de 100 km da capital paulista e conhecida como a cidade dos exageros, a ensolarada Itu tem mais a oferecer a seus habitantes e aos visitantes que os enormes e engraçados enfeites em suas ruas. É lá que fica a Fama – Fábrica de Artes Marcos Amaro, uma galeria de arte instalada nos galpões da antiga Fábrica São Pedro. Em uma área de 25 mil m² estão expostas obras de nomes como Bispo do Rosário, Carmela Gross, Hélio Oiticica e Aleijadinho. E, a partir de 14 de março, estarão em exposição desenhos raros de Tarsila do Amaral.

Criada em 2012 pelo jovem artista e colecionador Marcos Amaro, de 36 anos, o local chama a atenção já na entrada, pois o dono fez questão de manter a estrutura, que é do início do século 20. A fachada alta, portas enormes, janelas de madeira e as ruelas de paralelepípedos são alguns dos detalhes que chamam a atenção logo na chegada. "Eu queria muito que o espaço fosse meu, para colocar a minha coleção e, quando consegui adquirir a propriedade, fui construindo esse sonho, e formando esse museu", conta Amaro, que revela ter um orçamento de R$ 6 milhões para manter o local, sendo que o "recurso usado é próprio".

Sob direção de Raquel Fayad e curadoria de Ricardo Resende e com entrada gratuita, a Fama mantém exposições permanentes e também temporárias. Uma das que não têm data de encerramento definida é Utopia de Colecionar o Pluralismo da arte, que reúne trabalhos como Se Vende (2005), de Carmela Gross, e A Cachoeira (1985), de Leda Catunda, obra que integrou a 18ª Bienal de São Paulo. Além delas, há ainda Maria Nepomuceno, Paulo Pasta, Luiz Zerbini.

Certamente, algumas das obras que estão no local são verdadeiras raridades, principalmente em uma galeria no interior do Estado de São Paulo. É surpreendente ver trabalhos de Artur Bispo do Rosário (1909-1989) que, reunidos em uma sala, levam a um passeio pela trajetória do artista e também lembram sua vida como interno em instituição psiquiátrica. Incrível também poder conferir a produção da francesa Louise Bourgeois (1911-2010), por meio da escultura de tapeçaria Femme (2004), costurada à mão, além de 16 pinturas, que integram a suíte Do Not Abandon Me (2009-2010), feita em parceria com a britânica Tracey Emin.

Saindo das salas de exposições e voltando para o lado de fora das instalações, diversas outras obras estão espalhadas pelo local. Em todos os cantos, o público pode apreciar alguma outro trabalho, pois a arte se expande e ocupa os mais variados espaços. Por exemplo, nos jardins estão esculturas dos artistas Caciporé Torres, Emanoel Araújo, Gilberto Salvador, Marcos Amaro, Mário Cravo, Mestre Didi e Sérgio Romagnolo.

Na verdade, a Fama é mais do que uma galeria e pode ser vista como um centro cultural, com programação variada. Além de visitar as exposições, é possível ainda participar de oficinas, workshops, palestras, saraus. E há também atividade para a criançada. E, depois de tanta arte para arejar os pensamentos, a pedida é entrar no café instalado no local e relaxar.

De acordo com Amaro, a Fama recebeu em 2019 um público estimado em mais de 12 mil pessoas. E, para este ano, estão previstos novos projetos, como conta o colecionador, que revela ter fechado parceria com o Itaú Cultural.

"Teremos colaboração conjunta para uma mostra de fotografia", diz. Mas não será só isso, outra atração imperdível será a exibição da Aranha, de Louise Bourgeois.

Marcos Amaro decidiu alçar voo mais alto e abriu um novo espaço dedicado à arte. Agora, a cidade escolhida é Mairinque, também próxima de São Paulo, onde deu início a sua Fama Campo. "Aqui, o artista tem de saber lidar com o efêmero e a primeira a experimentar o novo espaço é Marcia Pastore, que apresenta a obra Transposição."

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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