Opinião

As polícias estariam matando demais?

No mês passado, o assalto a uma empresa na região de Cumbica terminou com quatro suspeitos mortos, após confronto com a Polícia Militar. Os quatro jovens foram flagrados quando deixavam o local do assalto. A notícia, publicada pelo HOJE e pelo GuarulhosWeb, logo recebeu quase uma centena de comentários, que se dividiram entre pessoas que defenderam a ação da polícia e aqueles que condenaram, considerando quase que um massacre, que não se justificava. Muitas postagens inclusive relatavam o lado pessoal dos quatro mortos, revelando particularidades das relações familiares e de amizade.  Sem entrar no mérito de ter sido justa ou injusta a ação policial, chamou a atenção o fato de o tema ser tão debatido por muita gente, o que confirma ser um assunto bastante importante para a população.


Reportagem publicada pelo jornal Correio Braziliense neste final de semana revelou que houve 141 assassinatos por mês ou 1.693 por ano, praticados por policiais. São dados que colocam a polícia brasileira como uma das mais violentas do mundo. Mas a realidade pode ser ainda pior. Esses números estão baseados apenas em informações oficiais do Ministério da Saúde e das secretarias de Segurança Pública de São Paulo e do Rio de Janeiro. Nessa guerra, as principais vítimas são jovens de 15 a 29 anos (70%), exatamente onde se encaixam os quatro guarulhenses mortos no assalto em Cumbica.


No Rio de Janeiro, no ano passado, as ações de agentes civis e militares resultaram na morte de 545 pessoas, o maior número do país. Entidades não governamentais também acreditam que esses dados são subestimados. Independente de considerar que as mortes praticadas por policiais se deram no exercício da função, em ações necessárias, percebe-se que os números são altos.


Mas também podem exatamente ser o reflexo dos índices crescentes de violência no país. Se há mais bandidos nas ruas, obviamente haverá mais confrontos e mais mortes. Óbvio que, em alguns casos, inocentes também tombam mortos. Mas, com certeza, o número de pais de famílias que acabaram assassinados em assaltos ou outros atos criminosos supera em muito o de bandidos (ou suspeitos, como preferirem) vitimados pela polícia. E isso também deve ser levado em consideração, antes que se crie uma onda de condenação indiscriminada das ações policiais. Que os direitos humanos dos inocentes sempre sejam levados em consideração.

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