Economia

Às vésperas da eleição, dólar cai e Bolsa sobe

O dólar chegou a superar a marca simbólica de R$ 2,50 ontem (3) de manhã, mas recuou durante a tarde, com boatos sobre resultados de pesquisas eleitorais e denúncias políticas, e fechou com queda de 0,60%, cotado a R$ 2,4730.

Um movimento parecido aconteceu na Bolsa de Valores. Após passar uma semana no vermelho, caindo a cada pesquisa que dava vantagem à presidente Dilma Rousseff na disputa eleitoral, o Índice Bovespa subiu 1,91% para 54.539,55 pontos. O resultado foi puxado pelas ações da Petrobrás, que subiram 5,49% (ações ON).

As interpretações para o comportamento do mercado financeiro são de que os investidores acham que a eleição não será decidida no primeiro turno. Muitos especuladores encerraram suas apostas feitas desde o início da semana e assim realizaram os lucros. Quando fazem isso, acabam por ajudar a inverter a tendência do mercado. Na segunda-feira, já com o resultado das eleições em mãos, farão as novas apostas.

Volatilidade
Apesar de o fechamento ter mostrado números positivos, a volatilidade foi constante durante o dia. De acordo com o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues Joaquim, um dos principais motivos foi o cenário externo. Ontem (3), pela manhã, os Estados Unidos divulgaram dados mais positivos do que o esperado na criação de postos de trabalho. A taxa de desemprego surpreendeu ao cair abaixo dos 6% pela primeira vez desde o início da crise financeira em 2008.

Aos olhos dos investidores, isso significa que o Fed (banco central americano) deve antecipar o início da alta de juros no país, atraindo dólares. Desta forma, o dólar se valoriza em relação a todas as moedas do mundo. Ontem (3) o Brasil seguiu nesta direção até a metade da tarde, mas a perspectiva eleitoral e os leilões do Banco Central mudaram a tendência de mercado.

O papel do BC desde o ano passado tem sido o de vender dólar em leilões por meio de um instrumento chamado “swap cambial”, que na prática ajuda a segurar as cotações. O BC já vendeu US$ 100 bilhões por meio desse instrumento e desde setembro tem renovado as operações que vencem, por causa da alta do dólar. Nos três primeiros dias de outubro, o BC rolou US$ 1,2 bilhão. Mas essa rolagem, que ajuda a segurar as cotações, depende da demanda pelos investidores. E eles cobram juros pela operação.

Na medida em que o risco aumenta, o BC pode usar outras estratégias mais agressivas para conter o dólar. Pelo que relatam operadores de mercado, foi o que aconteceu ontem (3). Segundo Joaquim, do Banco Paulista, o BC vinha rolando apenas 70% dos contratos de swap que estavam vencendo. Ontem (3) rolou 100% e a taxas mais caras, para evitar que o câmbio fechasse a R$ 2,50. As taxas oferecidas foram de 2%. No início da semana, giravam entre 1,6% e 1,7%.

Se mantiver o ritmo de vendas diárias, terá renovado praticamente todo o volume que está para vencer em novembro (US$ 8,84 bilhões). “Temos um futuro incerto em relação a recursos que possam vir ou sair do País, por isso o mercado pede um prêmio maior”, diz um operador de câmbio de um grande banco. Os dados do fluxo cambial da semana de 22 a 26 de setembro mostraram uma entrada líquida de apenas US$ 131 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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