Quando Luiza Erundina, primeira mulher eleita prefeita na capital ainda pelo PT no final dos anos 80, deixou a sigla, supunha-se que ali acabava a longa trajetória dela junto às esquerdas brasileiras. Afinal, o partido a acusava de estar traindo a disciplina interna ao aceitar o cargo de ministra de Desenvolvimento Regional do então presidente Itamar Franco, que substituia Fernando Collor de Mello, logo após seu impeachment.
Quase 20 anos se passaram para se constatar que não só o mundo dá voltas, mas principalmente a política. Erundina, hoje no PSB, foi anunciada como candidata a vice-prefeita na chapa do ex-ministro Fernando Haddad do PT. Até aí não haveria quase nada de errado. Apenas diferenças de entendimento na condução do Brasil, aliadas a vários depoimentos de Erundina nestas duas décadas que a afastavam bastante dos caminhos trilhados pelo PT.
No entanto, Erundina se viu em maus lençóis nesta segunda-feira, quando o ex-presidente Lula foi à casa do deputado Paulo Maluf (PP), durante o anúncio de apoio dele a Haddad. Não foram poucos, ao longo da vida política de Erundina, Maluf e do próprio Lula, os ataques que feriram a honra dos três.
Aliás, Erundina se tornou prefeita justamente pelo fato de ser um baluarte anti-Maluf. Desta forma, não haveria outro caminho a seguir que a desistência dela em compor a chapa, que terá um palanque formado por ex-inimigos. Assim, pelo menos, preserva sua história.