Opinião

Hospitais que matam em vez de salvar

O triste fim de Felipe Tiago Maciel, morto na noite do último sábado, vítima da falência do sistema público de saúde, infelizmente figura como apenas mais uma história trágica em meio a tantas que se assistem todos os dias em nossos hospitais. A falta de médicos e de comprometimento profissional, proporcionado por um gerenciamento insano do sistema, acaba por matar pessoas inocentes, geralmente aquelas que mais necessitam de atenção e seriedade.


 


Felipe estaria vivo hoje caso recebesse um atendimento honesto na primeira vez que foi levado ao Hospital Padre Bento. A sobrecarga de trabalho e falta de profissionais – isso gera irresponsabilidade – fizeram com que ele fosse mandado de volta apenas com um remedinho qualquer, receitado para qualquer tipo de enfermidade. Tivesse sido submetido, naquele momento, a um simples exame, o problema que o levou a óbito apenas dois dias depois teria sido identificado e assim, encaminhado para o devido tratamento, seria salvo.


 


Mas não. Assim como milhares de cidadãos – obrigados a buscar o atendimento público -, Felipe acabou sendo mais uma vítima de um sistema que peca pela falta de humanismo. Em que os pacientes são apenas números. Que batem nas portas de entradas das unidades de saúde e dos hospitais, mas não recebem nem mesmo um olho no olho. Quando necessitam de algum exame, atém mesmo simples, são jogados para filas intermináveis. Que acabam, muitas vezes, de forma trágica.


 


Que a morte de Felipe não seja apenas mais uma. Que sirva para que as autoridades – quase nunca competentes – percebam que é necessário extrapolar nas atitudes. Que sejam devidamente responsabilizados pelos atos de negligência, que são consequência de uma estrutura falida. Sem energia que deveria vir de cima, com medidas que visam a organização do sistema, traduzido em uma assistência – no mínimo – digna às pessoas.


 


Não dá para aceitar que outros Felipes, Joãos ou Marias continuem sendo vítimas de erros ou mesmo da ingerência de governantes que não prezam pela vida. Urge uma mudança estrutural em todo o sistema. Para que a pessoa seja o principal alvo das atenções.

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