Estadão

Associações de bancos e de fintechs acusam uns aos outros de careiros nas redes

A aproximação da primavera não trouxe temperaturas mais altas só em diversas regiões do País, mas também nas redes sociais. Desde o final da semana passada, esquentou o clima entre a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), que representa as instituições tradicionais e dominantes no sistema, e a Zetta, recém-criada associação que representa alguns dos novos desafiantes do sistema, ao todo 15 bancos digitais e fintechs.

O último round começou na quinta-feira, quando a Zetta decidiu adotar o ataque como a melhor defesa. Fundada em março por Google, que logo depois deixaria o grupo, Mercado Pago e Nubank – o maior dos bancos digitais tem a direção da associação e também presta suporte a ela – a entidade postou em sua conta no Twitter o link para matéria publicada no <i>Valor Investe</i> sobre estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) que apontava elevação de tarifas pelos grandes bancos acima da inflação.

A resposta veio no fim de semana, quando a Febraban postou em sua página no LinkedIn um texto com referências diretas ao Nubank, que, segundo a associação dos bancões, "cobra juros mais altos dos seus clientes do que a média dos cinco ou 10 maiores bancos brasileiros".

A postagem menciona ainda a assimetria regulatória que, no entender da Febraban, propicia vantagens competitivas a bancos digitais e fintechs mais avantajados. "A verdade verdadeira é que as grandes fintechs gostam mesmo é de pagar apenas meia entrada e em nada se diferenciam dos bancos. Aliás, só não são bancos para pagar menos impostos, gerar menos empregos, ter poucas obrigações regulatórias e trabalhistas."

Nesta terça pela manhã, a Zetta ofereceu sua réplica, também no LinkedIn. No texto, intitulado "Assimetria regulatória favorece os bancos tradicionais e não as fintechs", repisa um mantra que vem repetindo desde a sua criação, invertendo a queixa apresentada pelos bancos tradicionais.

Além de uma série de exigências a cumprir, entre as quais cita depósitos proporcionalmente mais elevados para o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) que os grandes bancos são obrigados a honrar e alíquotas de impostos sem os mesmos descontos que beneficiam seus rivais, o texto da Zetta diz que os juros praticados por seus associados são, em média, inferiores aos cobrados pelos bancões. A carta não cita o Nubank, usado pela Febraban na comparação com as maiores instituições financeiras do País.

Procurado, o Nubank não fez comentários sobre a situação em que foi citado.

A Zetta informou que não emitiria novos comentários e a Febraban não informou se ofereceria uma tréplica até a conclusão desta reportagem.

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