Os americanos estão tão empolgados com <i>Parasita</i> como antes nunca estiveram com um filme de língua não inglesa. O sul-coreano faz tanto sucesso que até uma vitória no principal Oscar, o de melhor produção, já é uma proeza considerada. Até então, tal categoria jamais era pensada para um filme que não tivesse o inglês como língua oficial. Mas, diante do impacto provocado pela história dirigida por Bong Joon-ho, a possibilidade agora é gigantesca.
Um dos argumentos que reforçam a chance de vitória do filme foi o prêmio concedido pelo sindicato dos atores, o SAG, que escolheu como melhor elenco do ano (correspondente a melhor filme) o de <i>Parasita</i>. É preciso lembrar que atores formam a maioria dos quase 9 mil votantes da Academia, o que abre uma possibilidade viável.
Desde o início da temporada de premiações (com o Globo de Ouro, dia 5 de janeiro), Bong Joon-ho vem demonstrando um maior relaxamento. Naquela noite, ao receber o troféu concedido pela imprensa estrangeira que trabalha em Hollywood, ele agradeceu fazendo um alerta: que os americanos aceitassem melhor filmes legendados, pois teriam a chance de abrir uma janela para o mundo.
Sempre acompanhado de um intérprete, Bong Joon-ho foi, aos poucos, perdendo o receio, arriscando mais seu inglês, fazendo mais piadas. No encontro promovido pela Academia com todos os concorrentes da categoria de melhor produção internacional, ele arrastava uma pequena multidão por onde passava. A menção de seu nome despertou gritos e aplausos. Ele, que preferiu tietar Pedro Almodóvar (aplaudiu de pé quando o espanhol foi chamado para o palco), vem repetindo um discurso mais cauteloso, mostrando não estar na onda de euforia, apesar de não negar sua satisfação.
"Muitos me perguntam como foi feito o filme, esperando, como resposta, histórias mirabolantes. Na verdade, foi tudo bem pensado, até mesmo o desenho do apartamento", desdenha ele, na esperança de frear a empolgação. No entanto, Hollywood já adotou o sul-coreano, que pode hoje fazer história.