O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou nesta segunda-feira, 1º, que um drone americano operado pela CIA matou o líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahri. A operação foi realizada no fim de semana em Cabul, no Afeganistão. "A justiça foi feita. Esse terrorista está morto", disse Biden.
Zawahri assumiu o comando da Al-Qaeda em 2011, após a morte de Osama bin Laden, idealizador dos ataques terroristas do 11 de Setembro. O assassinato do líder terrorista foi a primeira operação realizada pelos EUA no Afeganistão desde que o Taleban assumiu o poder em Cabul, no ano passado, e representa uma importante vitória para Biden.
"O ataque que matou Zawahri foi um grande sucesso no esforço de contraterrorismo dos EUA. Foi resultado de incontáveis horas de coleta de informações ao longo de muitos anos", afirmou Mick Mulroy, ex-agente da CIA e funcionário do alto escalão do Pentágono. "Ele acreditava que jamais seríamos capazes de localizá-lo. Mas estava errado."
<b>Reação</b>
Zawahri passou anos fugindo das autoridades americanas e evitava entrar no Afeganistão. Seu retorno a Cabul ocorreu após a chega do Taleban ao poder – e sua morte levanta dúvidas sobre o compromisso do grupo em manter a Al-Qaeda fora do país.
Em comunicado, o Taleban condenou a operação e disse que o ataque foi realizado na área residencial de Sherpur, um bairro rico de Cabul frequentado por funcionários do governo. Autoridades afegãs alegam que o Acordo de Doha – que estabeleceu os termos da retirada das tropas americanas – proíbe ataques dos EUA, o que o Pentágono contesta.
De acordo com um analista americano, a casa atingida pelo drone pertencia a um importante assessor de Sirajuddin Haqqani, do alto escalão do Taleban. Segundo os americanos, ele é próximo de figuras importantes da Al-Qaeda.
O analista disse que as fotos do ataque postadas nas mídias sociais sugerem o uso de um míssil R9X, de lâminas longas, capaz de atingir alvos com mínimos danos colaterais.
<b>Perfil</b>
Zawahiri se tornou conhecido por seus discursos antiamericanos gravados em vídeo. Ele desempenhou um papel importante em transformar a Al-Qaeda em uma organização letal, de acordo com investigadores e funcionários de inteligência que o perseguiam.
Ele foi indiciado pelos atentados às embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em 1998, ataques que marcaram a ascensão da Al-Qaeda. Zawahiri também planejou o ataque contra o destróier USS Cole, em 2000. Durante anos, ele escapou de tentativas de assassinato e seu estado de saúde era alvo de rumores.
Em 2003, surgiu o boato de que ele teria sido preso no Irã. Em 2004, 2006 e 2008, que teria ficado gravemente ferido em ataques no Paquistão. Zawahiri, no entanto, sempre ressurgia triunfante divulgando vídeos gravados em seguida.
Um ex-membro da Al-Qaeda e do Estado Islâmico, que falou em condição de anonimato ao <i>Washington Post</i>, minimizou ontem o significado da morte de Zawahiri. "Tenho certeza de que Biden fará parecer que é algo grande, mas não é significativo para nós", disse. "Zawahiri é um mártir. A questão agora é saber quem se tornará nosso líder." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS).
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>