A iraniana Elnaz Rekabi voltou à capital do seu país nesta quarta-feira depois de competir na escalada no Campeonato Asiático, disputado na Coreia do Sul, sem usar um véu na cabeça, um ato amplamente visto como apoio a manifestantes antigovernamentais em meio a semanas de protestos contra o hijab obrigatório. Seu paradeiro era motivo de preocupação.
Protestos em todo o país foram desencadeados após a morte de uma mulher de 22 anos em 16 de setembro. Mahsa Amini foi detida pela polícia por causa de suas roupas – e sua morte levou as mulheres a tirarem seus véus em público.
Após o desembarque, Rekabi deu uma entrevista cuidadosa e sem emoção à televisão estatal do Irã, dizendo que ficar sem o hijab foi um ato "não intencional" de sua parte. No entanto, centenas de pessoas se reuniram do lado de fora do Aeroporto Internacional Imam Khomeini, incluindo mulheres que não usavam o hijab e aplaudiram "Elnaz, a campeã".
"Voltei ao Irã com paz de espírito, embora tivesse muita tensão e estresse. Mas até agora, graças a Deus, nada aconteceu", disse ela, que usava um boné de beisebol preto e um capuz.
O futuro que Rekabi enfrenta depois de voltar para casa permanece incerto. Apoiadores se preocuparam com a segurança de Rekabi após seu retorno, especialmente porque ativistas dizem que as manifestações viram as forças de segurança prenderem milhares até agora.
No início, Rekabi repetiu uma explicação postada anteriormente em uma conta do Instagram em seu nome, dizendo que não usar o hijab foi um ato "não intencional". Rekabi disse que estava em uma área de espera só para mulheres antes de sua escalada. "Porque eu estava ocupada colocando meus sapatos e meu equipamento, isso me fez esquecer de colocar meu hijab e então eu fui competir", afirmou.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) disse que realizou uma reunião conjunta com a Federação Internacional de Escalada Esportiva e autoridades do Irã. O COI informou que recebeu "garantias claras de que Rekabi não sofrerá nenhuma consequência e continuará treinando e competindo".