A Austin Rating acaba de revisar suas expectativas em relação aos principais indicadores macroeconômicos do País para os anos de 2015 e 2016, com destaque para o desempenho do PIB em 2015, onde a perspectiva de queda foi ampliada para 2,1%, ante estimativa anterior de retração de 1,4%. “Também revisamos nossa estimativa para o PIB de 2016, que passou de alta de 0,2% para queda de 0,3%”, disse o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, em relatório divulgado nesta segunda, 3.
“Se nossa projeção for confirmada, o ano de 2015 terá o pior resultado desde 1990 (-4,35%), bem como será o primeiro biênio de retração econômica desde a década de 1930”, pontuou o economista. O setor industrial, segundo a Austin Rating, uma vez mais será o destaque negativo, devendo amargar queda na produção e nos investimentos. O PIB do setor de serviços, que contempla o segmento do comércio e as atividades financeiras, segundo Agostini, também deve apresentar resultado negativo e anotar o pior desempenho desde 1990 (-0,8%), refletindo os efeitos colaterais da deterioração do mercado de trabalho (emprego e renda em retração).
É extensa a lista de fatores internos e externos que deve contribuir para este cenário doméstico recessivo como, por exemplo, desaceleração da atividade econômica na China e alteração na política monetária nos EUA, aumento de liquidez na Europa, além da manutenção dos preços baixos das commodities.
“Por fim, é difícil não destacar que, mesmo tardiamente, as medidas adotadas para correção da política econômica nacional, com destaque para as políticas monetária e fiscal, ainda que sejam um golpe adicional na economia brasileira, são um mal necessário para, ao menos, recuperar a confiança dos agentes econômicos e, no melhor dos cenários, recolocar o Brasil nos trilhos do crescimento econômico a partir de 2017”, ponderou Agostini.
Para a Austin Rating, que no último dia 23 de julho atribuiu perda do grau de investimento do Brasil, o conturbado ambiente político é que impactou o cenário econômico brasileiro nos últimos meses. E esse encadeamento de fatores, de acordo com Agostini, levou à deterioração dos fatores de produção. “O recente abandono da meta do resultado primário para 2015 também contribuiu de forma contundente para o adicional desgaste deste cenário econômico, já bastante combalido”, ressaltou o chefe do Departamento Econômico da Austin Rating.
“São sucessivos registros de déficits em transações correntes, déficits primários e forte elevação da taxa de inflação”, disse o economista. Para ele, no mercado financeiro, os ativos como câmbio e bolsa de valores também sofrem reveses em virtude do ambiente doméstico perturbado, além do aumento do custo de capital estrangeiro em função do risco país e do Credit Default Swap (CDS) em alta.