Sempre que uma novela das oito chega ao final, é a mesma celeuma. Parece que não existe outra coisa no país que não seja a elucidação sobre quem matou quem, quem ficou com quem, isso e aquilo. Mudam os personagens, as situações, mas o enredo quase sempre é o mesmo. Assim como a decepção com os finais escolhidos. No sábado, logo após o Brasil parar para ver o último capítulo na sexta-feira à noite, o que mais se ouve é gente falando que não gostou disso, não gostou daquilo. Este é o Brasil.
Nesta sexta-feira, manchete principal do UOL, principal portal de notícias do Brasil, exibe como notícia de abre “Capítulo final de Avenida Brasil deixará conta de luz mais cara”. Na capa da Folha de S.Paulo, duas chamadas fazem referência direta à novela. Um especula sobre o final e outra sobre o bendito aumento no valor da energia elétrica sob o argumento de que o sistema nacional precisará recorrer a usinas termoelétricas para evitar um apagão no momento em que milhões de lares brasileiros estarão com os olhos em Carminha, Tufão e companhia.
Lamenta-se que segunda-feira, quando Avenida Brasil só figurará daqui algum tempo em um “Vale a pena ver de novo” , o Brasil segue em frente. Até Salve Jorge – a novela substituta – engrenar, é o pobre do brasileiro que precisa ir à luta para pagar sua conta de energia mais cara, seu aluguel e todas as despesas de sua casa. Não vai ter autor de novela que aparecerá para perguntar se precisa de alguma ajuda nas despesas da casa.
Este é o Brasil do pão e circo, um país em que as pessoas se esquecem de seus problemas de todos os dias para sofrerem pelas tragédias novelescas proporcionadas pela Rede Globo. Ninguém vive sem ficção. Tudo bem. Mas seria muito importante que a população desse mais valor, por exemplo, às eleições municipais que acontecem no domingo, dia 28.
Decidir quem será o próximo prefeito é, com certeza, muito mais importante do que saber quem matou o Max. Porém, muita gente deixa para lá ou outorga aos outros essa decisão. “Deixa tudo como está..” “Pior que está não fica…” “Não me envolvo com política…” “É tudo safado…” Se pensa assim, vá às urnas e escolha entre um e outro. Diga se está satisfeito ou se quer mudar. Revele sua insatisfação ou deixa tudo como está. Mas entenda, de uma vez por todas, que o Brasil é muito maior que a Avenida.
