Estadão

Aversão a risco externa impede Ibovespa de ajustar queda da sexta-feira

A aversão a risco no exterior, deflagrada após uma onda de protestos na China contra a política de covid-19, impede o Ibovespa de ajustar um pouco a queda de 2,55% (108.976,70 pontos) de sexta-feira, na esteira de preocupações fiscais com o Brasil.

"É uma semana de espera, que deve ser puxada por sinais de política monetária lá fora, tem falas de membros do Fed, e aqui aguarda-se algum avanço as negociações da PEC da Transição, como ficará o desenho final", avalia Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.

O giro financeiro na B3 tende manter-se reduzido, inferior à média diária dos cerca de R$ 20 bilhões, apesar da volta dos mercados americanos por conta do feriado de Ação de Graças, na quinta, e meio expediente na sexta (Black Friday).

Hoje, acontece o segundo jogo do Brasil na Copa do Catar. Às 13 horas, a Seleção Brasileira enfrentará a Suíça, e o mercado deve "parar", como ocorreu na estreia (quinta-feira). "Isso tira muito a liquidez", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. Por aqui, afirma: "até pode ter um pouco de realização por conta da queda na sexta. Porém, não indica tendência", afirma.

Para o estrategista, o mercado ficará em compasso de espera pelas negociações da PEC, que precisar avançar para ser aprovada até o dia 15 de dezembro. "Vai aguardar para ver o que resultará dessa reunião de Lula em Brasília. Pode ser que saia alguma decisão em relação à PEC nesta semana, mas quanto a ministérios especialmente Fazenda, acho difícil", avalia.

Laatus refere-se à viagem do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para Brasília nesta semana, na tentativa de destravar a PEC da Transição. Além disso o mercado ficará de olho se o futuro governo anunciará algum nome para sua equipe econômica, especialmente na Fazenda. Um dos cotados é o ex-ministro da Educação Fernando Haddad.

A expectativa é de que o governo diminua o limite de despesas fora do teto de gastos. A despeito desta percepção, o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, pontua que o montante ainda deve ser substancial e vir acompanhado da defesa da retirada do Bolsa Família do teto por quatro anos. Isso, diz em nota, "é visto de forma bastante negativa."

Além da cautela interna, o cenário externo preocupa. As bolsas do ocidente caem, assim como fecharam em queda as asiáticas, diante dos protestos na China contra os lockdowns no país como parte da política de covid zero, pedindo a renúncia do presidente do país, Xi Jinping.

Em Cingapura, o minério de ferro recua em torno de 1%, enquanto subiu 2,37% em Dalian, ao passo que o petróleo cai quase 3%, em meio a temores com a demanda. Com isso, as ações ligadas a matérias-primas podem sentir as preocupações com a estimativa de desaceleração abrupta do gigante asiáticos. Após cederem as ações da Vale tentavam alta. Às 11h20, subiam 0,15%, enquanto as da Petrobras cediam 0,34% (PN) e 0,29% (ON).

"É uma semana cheia de dados divulgação, principalmente de atividade nos Estados Unidos, com destaque para o payroll relatório de emprego, que sai sexta, que poderá dar clareza sobre o mercado de trabalho americano e consequentemente como o Fed vai responder a esses indicadores", diz Ashikawa.

Ainda, as ações do setor de consumo ficam no foco das atenções, após a Black Friday. , à espera do balanço das vendas. No horário citado acima, os papéis da Americanas ON caíam 6,39%.

O Ibovespa, por sua vez, cedia 0,25%, aos 108.701,93 pontos.

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