O fundo de investimentos em startups Easterly Ventures, capitaneado pela chinesa Baidu, foi encerrado pela companhia chinesa nesta semana. Lançado com pompa pela empresa no Brasil em setembro de 2016, o fundo prometia injetar capital em startups locais e ajudá-las a ganhar espaço no mercado brasileiro e também asiático.
Em comunicado distribuído à imprensa nesta quinta-feira, 23, o Baidu disse que seus “novos investimentos deverão focar-se em tecnologias e serão conduzidos a partir de nossa matriz, e não mais por fundos locais como o Easterly Ventures, que será descontinuado”.
A meta do fundo era aplicar US$ 60 milhões em 10 a 15 startups brasileiras no intervalo de quatro anos – os primeiros investimentos do projeto estavam previstos para ser anunciados até o final de 2016, o que não aconteceu. Entre as áreas observadas pela empresa, estavam “aplicativos que interferem em negócios reais”, como táxis e entrega de comida a domicílio.
Segundo fontes ouvidas pelo Estado, o encerramento do fundo é uma consequência de “mudanças de lideranças na matriz do Baidu”. “Com as mudanças, os planos dos chineses também mudaram”, disse a fonte, que preferiu não se identificar. Uma das principais mudanças, divulgada nos últimos dias, foi a saída do cientista-chefe Andrew Ng.
Fundador da startup de educação online Coursera, Ng estava no Baidu deste 2014 e ajudava a empresa a desenvolver negócios nas áreas de inteligência artificial e aprendizado de máquina. Em uma carta, publicada no site Medium, Ng falou sobre seus planos para o futuro e disse que “a inteligência artificial será como a nova eletricidade”.
Cenário
Para Pedro Waengertner, professor de empreendedorismo da Escola Superior de Marketing e Propaganda (ESPM), o fim do Easterly Ventures é uma perda para o cenário de startups brasileiro. “Nos últimos tempos, diversos fundos voltados a investir em empresas em estágio inicial surgiram no País”, avalia o professor.
Presente no Brasil há quatro anos, o Baidu tem hoje cerca de 40 milhões de usuários no País – a maior parte deles graças ao Peixe Urbano, empresa local que adquiriu em 2014, por valores não revelados.
Uma das metas da empresa com o Easterly Ventures era transformar o Peixe Urbano numa central de serviços, concentrando aplicativos das startups a serem investidas em um só lugar, em modelo já existente na China.
Procurado pelo Estado, o Baidu disse que seus porta-vozes não vão se pronunciar sobre o fechamento do fundo Easterly Ventures. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.