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Bairros boêmios de SP têm conflitos diários por barulho

Na casa do técnico de informática Flamaryon Miguez, de 39 anos, todos sofrem, de alguma forma, as consequências da música alta na rua e em estabelecimentos da região. Ele mora na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, com a mulher, dois filhos, a mãe de 60 anos e um irmão esquizofrênico.

Miguez trabalha em casa e, por causa do barulho, não consegue atender clientes pelo celular. A mulher, que ajuda as crianças na lição de casa, tem dificuldade de manter o foco dos filhos por causa da música alta. Os ruídos também incomodam a mãe e o irmão. Segundo ele, os barulhos incomodam mais no período da tarde. “Alguns bares têm varandas enormes, abertas, sem acústica. Não dormimos, não conversamos. Falamos alto e estamos ficando surdos”, relata.

Segundo Miguez, os bares próximos da sua casa costumam fechar até meia-noite. Os frequentadores dos locais, porém, não vão embora e ficam caminhando pela rua, fazendo barulho. Música alta nas ruas é outro problema.

Perto dele mora o engenheiro Nelson Pereira, de 64 anos, em um apartamento na esquina das Ruas Harmonia e Wisard. Segundo ele, há bares que desrespeitam o limite de 1 hora e não têm isolamento acústico. “Alguns deixam música tocando em um terraço todo aberto ou na calçada. Danem-se os vizinhos”, diz ele. “E é uma área com muitas residências, muitos prédios.”

Na opinião de Cássio Calazans, presidente da Sociedade Amigos de Vila Madalena, o aumento de fiscais vai contribuir para que a população possa “cobrar mais de perto”. Há queixas de moradores em outras regiões boêmias.

Na Consolação, Célia Marcondes, fundadora da Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores do Bairro de Cerqueira César, também tem boas expectativas com a mudança. “É o que a população precisa para poder dormir”, afirma.

Proprietário de dois bares na Vila Madalena – um na Rua Mourato Coelho e outro na Rua Aspicuelta -, o empresário Ronaldo Camelo, de 53 anos, diz que seus estabelecimentos têm tratamento acústico de teto e ainda vidros acústicos para que possam funcionar após 1 hora. “Tentamos atender todos os moradores que ligam e reclamam. Muitas vezes, tem barulho de rua também. É complicado identificar”, afirma.

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