O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse nesta terça-feira, 17, durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que é preciso “desenvolver fonte de financiamento privado” para assumir parte do papel executado atualmente pelo BNDES. “Essa fonte não existe hoje, mas o BNDES continuará tendo papel importante”, disse.
O ministro afirmou ainda que o banco estatal de fomento não deve continuar a receber aportes do Tesouro Nacional para compor seu caixa. “O papel do BNDES nessa fase inicial (de desenvolvimento de projetos) é crucial e continuará sendo, mas não poderemos mais contar com aportes do Tesouro como antes”, disse.
Segundo ele, o governo fez o “necessário” para atingir um limite de atuação do banco, mas que o desafio agora é “deter essa capacidade do BNDES de prover o investimento em infraestrutura” no País e “ao mesmo tempo utilizar fontes privadas”, afirmou.
Barbosa também destacou o papel da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje em 5,5% ao ano. Segundo ele, mesmo com alta do juro real com a elevação da Selic a TJLP ainda é uma “taxa real negativa”. “A TJLP pode encarecer projetos, mas não inviabiliza concessões”, considerou.
Taxa Selic
Barbosa afirmou ainda durante a audiência na CAE que há autonomia do Banco Central para fixar a taxa básica de juros (Selic). “O Banco Central tem autonomia e deve ser assim”, disse.
Segundo ele, a autoridade monetária tem acompanhado o avanço da economia para conter a inflação, o que levou ao aumento gradual de dois pontos porcentuais nas últimas reuniões do Copom.
De acordo com Barbosa, o governo tem tentado evitar o alastramento de “efeitos secundários” representados pelo aumento de preços administrados alterados recentemente, como o da gasolina, para evitar que “esse choque se reflita e se propague de forma permanente”.
Marta Suplicy
Mantendo o tom mais crítico ao governo dos últimos tempos, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) continuou com esse conteúdo durante audiência pública de Barbosa na CAE do Senado. “Parece que todos vamos ter momentos difíceis na área econômica, mas temos condições de enfrentar. A credibilidade é que é a questão mais difícil. Problema é político, não econômico”, defendeu.
A senadora disse concordar com as críticas feitas pelos seus colegas sobre os primeiros quatro anos do governo Dilma. “Estamos agora em outro momento para consertar a organização da economia”, afirmou. Ela disse, no entanto, ter dificuldades para entender como ficará a “distribuição” dessas dificuldades econômicas pelas quais todos passarão nos próximos meses. “Aumenta imposto aqui, diminui seguro-desemprego aqui”, citou, entre outros itens.
Marta também questionou o ministro Barbosa sobre como se dará “essa pátria educadora”, numa alusão ao novo slogan do governo federal, depois que houve corte de orçamento para a pasta de Educação e também após a constatação de problema no Fies.