O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, reafirmou que a instituição retomará o nível de rentabilidade compatível ao de seus pares privados. Ao final de junho, o retorno (RSPL) ficou em 7,7% ante 14,2% em um ano e 5,6% em março.
De acordo com Caffarelli, a melhora do retorno do BB será possível com a entrega de melhores margens, aumento de receitas de serviços, corte “forte” de despesas, busca “constante de eficiência” e gestão “rígida e pró-ativa” de capital.
“O BB reúne todas as condições, gestão e capacidade técnica para atingir rentabilidade compatível à que se espera do maior banco do Brasil”, afirmou o executivo, em sua primeira coletiva de imprensa como presidente. “Esse é um ponto absolutamente crucial, um ponto da minha gestão e dos meus pares do conselho diretor”, acrescentou.
Ele reafirmou ainda que o banco atuará como coordenador do incentivo à infraestrutura, mas que são necessárias regras claras para atrair capital, principalmente, do investidor externo para o pipeline de operações existente no País. O presidente do BB lembrou ainda que a instituição aumentou seu índice de capital principal pelo quarto trimestre consecutivo. “Estamos totalmente confiantes de que atingiremos 9,5% de capital principal no início de 2019, acima das novas regras de Basileia 3”, acrescentou.
Ao final de junho, o capital principal do BB estava em 8,4% ante 8,3% em março. Em um ano, estava em 8,7%.
O Banco do Brasil encerrou nesta quinta-feira a temporada de balanços dos grandes bancos ao reportar lucro líquido ajustado de R$ 1,801 bilhão no segundo trimestre, montante 40,8% menor que o registrado um ano antes, de R$ 3,040 bilhões. Na comparação com os três meses anteriores, quando totalizou R$ 1,286 bilhão, o resultado foi 40,0% maior.
O lucro líquido do BB, considerando eventos extraordinários, totalizou R$ 2,465 bilhões de abril a junho, retração de 18,05% na comparação com 12 meses, quando o resultado ficou em R$ 3,008 bilhões. Em relação aos três meses anteriores, de R$ 2,359 bilhões, cresceu 4,49%.
Dentre os eventos não recorrentes no segundo trimestre ante um ano, o BB cita, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, R$ 618 milhões por efeitos fiscais e PLR sobre itens extraordinários, R$ 259 milhões em provisão extraordinária com demandas contingentes e R$ 185 milhões por conta de planos econômicos. Na contramão, o BB reverteu R$ 1,209 bilhão em provisão adicional.
Operação internacional
O Banco do Brasil não pretende aumentar sua operação internacional, mas também não pretende reduzi-la a despeito da possibilidade de se desfazer de sua fatia no argentino Patagonia, segundo o presidente do BB, Paulo Caffarelli. “Diante do cenário desafiador, o foco é capital e rentabilizar o BB no Brasil”, afirmou.
De acordo com ele, o banco tem participação adequada no exterior. “Quem sabe no futuro, possamos voltar a pensar em ser um banco com mais exposição no exterior”, concluiu.
Segundo Caffarelli, único movimento de comercialização de ativos que o Banco do Brasil fez até o momento foi justamente a avaliação da venda de sua fatia no argentino Patagonia. “Se tivermos oportunidades de olhar venda de ativos, vamos olhar, mas não consideramos vender ativos core que gerem receita, atrapalhando a geração futura de resultado”, explicou.
Sobre o Patagonia, Caffarelli não quis mencionar se já contratou um assessor financeiro para a operação. Conforme informou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), o BB contatou o JPMorgan.
O presidente do BB disse ainda que o banco não conta com aporte do governo para reforçar o seu capital.
Parceria com Banco Postal
O presidente do Banco do Brasil confirmou que negocia a renovação da parceria com o banco Postal, conforme antecipou o Broadcast no mês passado. O negócio, fechado em 2011, vence em dezembro próximo, segundo ele.
“O Postal é o maior correspondente bancário que o BB tem. Estamos de forma normal renegociando o contrato, mas hoje a realidade que temos é diferente de quando fechamos a parceria, em 2011”, atentou Caffarelli.
O BB venceu o leilão em maio de 2011, num lance de R$ 2,3 bilhões, e começou a operar no ano seguinte nas mais de 6 mil agências próprias dos Correios que oferecem serviços do Banco Postal. Com rombo nos últimos três anos, sendo o de 2015 de R$ 2,1 bilhões, os Correios veem a renovação do contrato com o BB como oportunidade de injetar dinheiro na estatal, que ainda opera no vermelho neste ano.
O Banco do Brasil teve de desembolsar mais R$ 1 bilhão ao longo dos cinco anos de parceria com o BB pelo pagamento de transações bancárias efetuadas nos Correios. Em 2.035 municípios, o BB só está presente por causa do Banco Postal. Em outros 3.223, o maior banco do País tem agência própria.
Óleo e gás
O BB espera baixar a prejuízo até o final deste ano o crédito de caso específico em grande empresa do setor de óleo e gás, segundo José Maurício Pereira Coelho, vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores da instituição. No segundo trimestre, esse empréstimo pesou no índice de inadimplência do banco, considerando atrasos acima de 90 dias.
A inadimplência do Banco do Brasil subiu para 3,27% ao final de junho contra indicador de 2,60% em março. O banco informa, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que, se desconsiderado um caso específico no setor de óleo e gás, o índice teria sido de 2,85%.
O BB era o maior credor da Sete Brasil, que entrou com pedido de recuperação judicial no final do mês passado, entre as grandes instituições e, segundo a lista de credores, concedeu mais de US$ 1 bilhão (R$ 3,7 bilhões) à companhia.
De acordo com Coelho, a expectativa é de que as provisões para devedores reduzam no próximo trimestre. As despesas com provisões para devedores duvidosos (PCLD) do Banco do Brasil totalizaram R$ 8,277 bilhões, aumento de 59,5% em um ano, quando estavam em R$ 5,191 bilhões. Em relação ao primeiro trimestre, de R$ 9,145 bilhões, houve retração de 9,5%. No semestre, os gastos com provisões saltaram 60,6%, para R$ 17,422 bilhões.
Inadimplência
O Banco do Brasil espera que sua inadimplência, considerando atrasos acima de 90 dias, apresente melhora ligeira no segundo semestre e estabilização do indicador no próximo ano, conforme o presidente da instituição, Paulo Caffarelli. “O cenário é de melhora do segundo semestre. Esperamos um segundo semestre melhor que o primeiro e nosso resultado deve ser melhor no ano de 2017 do que no atual”, disse ele, em coletiva de imprensa, nesta manhã.
Segundo o executivo, não há grandes casos no radar que possam impactar o índice de inadimplência nos próximos trimestres. Apesar disso, o banco, conforme ele, segue atuando de forma pró-ativa e vai tratar caso que eventualmente aparecer.
Caffarelli afirmou ainda que a reversão de provisão adquirida de cerca de R$ 1,2 bilhão no segundo trimestre é normal e que o BB pode retomar esse colchão quando julgar necessário. Ele disse que o banco foi mais conservador no provisionamento de caso específico do setor de óleo e gás do que o mercado e que esse caso já estaria 100% provisionado e que deve ser baixado a prejuízo até o final do ano. “Após essa baixa, poderemos reverter provisão”, disse ele.
Nesse contexto, José Maurício Pereira Coelho reforçou que o banco espera que as provisões no segundo semestre sejam menores do que no primeiro. A inadimplência do Banco do Brasil, considerando os atrasos acima de 90 dias, subiu para 3,27% ao final de junho contra indicador de 2,60% em março.
As despesas com provisões para devedores duvidosos (PCLD) do Banco do Brasil totalizaram R$ 8,277 bilhões, aumento de 59,5% em um ano, quando estavam em R$ 5,191 bilhões. Em relação ao primeiro trimestre, de R$ 9,145 bilhões, houve retração de 9,5%. No semestre, os gastos com provisões saltaram 60,6%, para R$ 17,422 bilhões.