Economia

BB espera mais que dobrar crédito via canais digitais neste ano, para R$ 3,5 bi

O Banco do Brasil espera mais que dobrar a liberação de crédito via canais digitais (aplicativos no celular ou tablet) neste ano, galgando a cifra inédita de R$ 3,5 bilhões ante montante de R$ 1,7 bilhão em 2015, de acordo com o vice-presidente de Negócios de Varejo do banco, Raul Moreira. Para isso, a expectativa da instituição, segundo o executivo, é de que a concessão mensal de recursos salte dos atuais R$ 200 milhões para R$ 500 milhões em dezembro próximo.

Via canais digitais, o BB já concede crédito pessoal, salário, consignado, antecipações (13º salário e imposto de renda) e esse ano passou a oferecer também financiamento para veículos. O último, conforme Moreira, até então foi o produto mais complexo para migrar para o mundo mobile uma vez que difere das outras modalidades, necessitando, por exemplo, do registro do gravame (financiamento do veículo), digitalização da nota fiscal, etc.

No entanto, ele diz que todo processo pode ser feito sem que o cliente vá até uma agência bancária. Desde o início do ano, quando começou a ofertar crédito para a compra de veículos, o banco já disponibilizou R$ 70 milhões, com uma média de R$ 12 milhões mês ainda que pese a queda das vendas de veículos em meio à crise política e econômica que atravanca o País. Por ora, só o BB, segundo Moreira, oferece essa modalidade via canal digital.

“O crescimento da concessão de crédito via canal mobile é exponencial e deve se materializar cada vez mais à medida que consigamos derrubar barreiras culturais, estimulando os clientes a passarem a tomar o mesmo empréstimo que estão acostumados a obter nos canais tradicionais só que nos digitais”, avalia Moreira, em entrevista exclusiva ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado), durante o Ciab, promovido nesta semana pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). “Nossa função é comunicar essa possibilidade para os clientes”, acrescenta.

A próxima etapa, antecipa o executivo, é customizar um aplicativo específico para a oferta de crédito em linha com a tendência do segmento mobile de segmentar as demandas dos clientes. A expectativa do BB, conforme ele, é colocar o projeto piloto em prática ainda no segundo semestre deste ano. Nesta linha, novas soluções que estão sendo desenvolvidas pela instituição, segundo Moreira, devem completar a família de “apps” do banco, incluindo um sob medida para orientar as pessoas sobre crédito responsável e finanças em geral intitulado “minhas finanças” e futuramente um apenas com produtos de seguros, todos totalmente digitais, e ainda a interação com o banco que se dá por um chat online ou ainda via tecnologia cognitiva para solicitar transações.

Para sustentar essas evoluções, o BB mantém um investimento anual de cerca de R$ 3 bilhões em tecnologia, conforme Geraldo Dezena, vice-presidente de tecnologia do BB. Desde 2010, o banco já destinou R$ 18 bilhões para este fim. “Nosso investimento em tecnologia é consistente e contínuo”, afirmou ele, em entrevista ao Broadcast, também durante o CIAB. “Já investimos mais do que na rede de atendimento (física). Esses recursos são vitais para sustentar nossa rede de atendimento mobile”, acrescenta o vice-presidente de Negócios de Varejo.

Com esses investimentos, o BB espera encerrar o ano de 2016 com 1,3 milhão de clientes digitais estilo (renda acima de R$ 8 mil) e 600 mil do exclusivo (renda entre R$ 4 mil e R$ 8 mil). Até agora, o banco soma mais de 500 mil e 52 mil, respectivamente.

Um estímulo para aumentar os clientes digitais do banco deve vir, lembra Moreira, da abertura de contas totalmente digitais em linha com recente resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo ele, o BB deve iniciar até o final de julho um projeto piloto nesta linha e pretende tornar essa possibilidade real para clientes em geral ainda no segundo semestre deste ano.

A abertura de contas digitais seguirá, conforme Moreira, o mesmo trajeto de outras soluções como, por exemplo, o aplicativo exclusivo do cartão de crédito do BB, o Ourocard, que iniciou com um projeto piloto com 40 mil clientes do banco no mês passado. Segundo o executivo, a iniciativa fortalece o movimento de digitalização dos negócios de cartões. Via o Ourocard-e, plataforma de cartões digitais da instituição, já foram emitidos 300 mil cartões e 1,3 milhão de compras feitas desde o seu lançamento efetivo, no final de 2014.

Além disso, no BB os canais digitais, segundo Moreira, já ultrapassaram o Internet banking na representatividade das transações bancárias. Segundo ele, essa realidade deve se estender a todo o mercado ainda este ano.

No ano passado, as transações bancárias por meio do mobile banking cresceram 138%, totalizando 11,2 bilhões de operações ante 4,7 bilhões em 2014, segundo a Febraban. Com tal desempenho, a participação desse canal no total das operações mais que dobrou, de 10% para 21%, galgando a segunda posição, atrás apenas do internet banking, com 33%.

Crédito mobile no mercado

Outros bancos também oferecem crédito via aplicativos. No Bradesco, que recebeu recentemente o aval do Cade para a compra do HSBC Brasil, a expectativa de concessão de crédito via canais digitais, de acordo com Luca Cavalcanti, diretor de canais digitais do banco, é fechar 2016 com R$ 3 bilhões liberados, assim como o BB também mais que dobrando em relação à base de 2015. Até maio, o banco já havia liberado, conforme ele, cerca de R$ 750 milhões. Atualmente, o Bradesco oferece apenas crédito pessoal, mas estuda ampliar o leque de linhas no canal mobile.

“Outros créditos estão por vir. O desafio aqui é propiciar uma experiência agradável com o cliente, gerar empatia”, destaca Cavalcanti, em entrevista ao Broadcast, durante o CIAB, acrescentando que empréstimos solicitados por tecnologia de comando por voz totalizaram R$ 491 milhões em todo o ano passado e apenas no acumulado deste exercício o Bradesco já liberou R$ 144 milhões para 133 mil clientes.

O Itaú Unibanco informou que as contratações de Empréstimo Pessoal no aplicativo do banco tiveram representatividade elevada em 41% em 2016 na comparação com o ano passado. O Santander também disponibiliza crédito via aplicativo, mas não abriu números. A Caixa Econômica Federal é o único grande banco que não tem a solução. O Citi não informou se oferta crédito via o app do banco.

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