O Banco Central avaliou nesta terça-feira, 17, em seu Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao segundo semestre de 2017, que “o sistema bancário dispõe de capital robusto, em nível e qualidade, para suportar os riscos assumidos e a retomada da concessão de crédito”. De acordo com o BC, os bancos melhoraram seus índices de capitalização, mantendo-os bastante superiores aos requerimentos regulatórios e preservando a estabilidade financeira.
“A capitalização e a alavancagem apresentam-se robustas para a plena implementação do arcabouço de Basileia III. Entidades responsáveis por mais de 99% dos ativos do sistema bancário possuem índice de capital principal projetado acima do requerimento mínimo de 7%, a vigorar a partir de 2019”, acrescentou o BC.
Conforme o BC, o lucro foi o principal vetor de aumento dos níveis de capital das instituições, especialmente do capital principal. “Houve expressiva redução da necessidade projetada de capital, considerando a plena implementação de Basileia III em 2019, de R$ 10 bilhões em junho para R$ 1 bilhão em dezembro de 2017, equivalente a apenas 0,2% do Patrimônio de Referência (PR) do sistema”, registrou o REF.
O BC afirmou ainda que “o risco de liquidez continua a apresentar pouca preocupação para o sistema bancário, e a perspectiva é de manutenção do baixo risco para o primeiro semestre de 2018”. Conforme o BC, “os ativos líquidos permanecem adequados para honrar saídas abruptas de recursos em cenários de estresse no curto prazo”.
Absorção de choques
O Banco Central avaliou também no REF que o ano passado marcou “a retomada do crescimento da economia brasileira, queda da inflação, redução da taxa básica de juros e melhora no nível de emprego”. “Esses fatores colaboraram, por um lado, para melhora dos indicadores de crédito e aumento da rentabilidade, e, por outro, para maior apetite ao risco por parte das instituições financeiras”, acrescentou o BC.
Para o ano de 2018, o Banco Central afirma que o mercado mantém a confiança na capacidade de o sistema absorver choques, “mesmo diante das incertezas no cenário político, na agenda de reformas fiscais e no cenário internacional”. “O volume de ativos problemáticos das corporações não financeiras continuará demandando atenção”, acrescentou o BC.
No REF, o BC pontuou ainda que o ambiente econômico em 2017 propiciou o avanço do crédito às famílias, “tanto em termos de redução do risco quanto em recuperação nas concessões de crédito novo”, e também às pequenas e médias empresas (PMEs).
“O crédito bancário às PMEs apresenta sinais de melhora. Tanto a inadimplência quanto a participação relativa dos ativos problemáticos no total da carteira de crédito dessas empresas recuaram significativamente no semestre, embora ainda estejam em patamar historicamente elevado”, registrou o REF.
O BC afirmou ainda que a rentabilidade dos bancos foi beneficiada pela queda nas despesas de provisão. “O nível de provisionamento da carteira de crédito permanece adequado ao seu perfil de risco”, registrou o REF. “O nível geral de provisões (famílias e empresas) comparado à carteira de ativos problemáticos manteve-se confortável durante todo o ano de 2017, em linha com o perfil de risco da carteira de crédito, e sem riscos para a estabilidade financeira.”