Estadão

BCE/ata: substancial acomodação monetária é necessária para estabilizar inflação

Os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) consideram que um nível "substancial" de acomodação monetária ainda é necessário para estabilizar a inflação da zona do euro na meta de 2% no longo prazo, conforme mostra ata referente à mais recente reunião de política monetária, divulgada nesta quinta-feira.

Ainda assim, o documento destaca que o Conselho da entidade entende que os progressos econômicos permitem o início da redução "passo a passo" do ritmo de compras de ativos nos próximos trimestres.

Segundo o relatório, o Programa de Compras de Emergência de Pandemia (PEPP, na sigla em inglês) foi elaborado com objetivo duplo de mitigar os efeitos econômicos negativos da covid-19 e evitar a fragmentação na região. "O PEPP cumpriu essa missão de duplo propósito", explica.

Em meio às incertezas elevadas, o BCE acredita ser importante garantir a "flexibilidade e opcionalidade" na condução da política monetária. "À medida que dados recebidos ao longo do tempo permitam uma melhor compreensão do impacto da pandemia em evolução, o Conselho do BCE deve manter a capacidade de calibrar e recalibrar a orientação da política monetária", destaca.

Na ata, os dirigentes do Banco Central Europeu defenderam a importância de deixar claro ao mercado que a instituição estará pronta para agir caso o cenário de inflação em alta na zona do euro persista. "Considerou-se importante preservar a flexibilidade para agir de forma decisiva, a fim de manter as expectativas de inflação ancoradas em ambas as direções e, assim, preservar também a credibilidade do Conselho do BCE", destaca o documento.

Segundo o relatório, os participantes da reunião destacaram que um contexto de "inflação alta por mais tempo" não pode ser completamente descartado. Ainda assim, a recente escalada nos preços é encarada como temporária, resultado de fatores que devem arrefecer em 2022.

"Salientou-se que a convergência projetada das expectativas de inflação para 2% era bem-vinda, embora as perspectivas estivessem rodeadas de uma incerteza excepcionalmente elevada", ressalta.

Dirigentes expressaram preocupação com uma retirada de estímulos monetários prematura. Isso porque, diz o texto, o mercado questionaria a credibilidade do <i>forward guidance</i> do BCE, uma vez que "espera um primeiro aumento das taxas de juros numa data difícil de conciliar com as condições estabelecidas pelo Conselho do BCE para tal aumento".

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