Bia Kicis confirma ter recebido dinheiro por exibição de vídeos no YouTube

A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) afirmou, em depoimento à Polícia Federal, ter recebido US$ 800 durante dois anos em pagamentos do YouTube pela exibição de publicidade no seu canal na plataforma. A prática, conhecida como monetização, foi revelada em julho pelo <b>Estadão</b>. À época, porém, a parlamentar não informou quanto havia recebido.

Monetização é o recebimento de dinheiro pela veiculação de anúncios publicitários em redes sociais. O <b>Estadão</b> mostrou que sete deputados, ao mesmo tempo em que monetizavam no YouTube, contratavam empresas com dinheiro público para prestação de serviços relacionados a seus canais. Especialistas apontaram conflito de interesses e possível ato de improbidade na prática. Após a reportagem, o investimento de dinheiro público em serviços que podem resultar em lucro privado foi proibido pela Câmara dos Deputados.

Kicis pagou R$ 45,5 mil às empresas BM Gestão de Mídias Sociais e L. A. Soluções em TI e Marketing Digital por serviços de produção, edição, montagem e publicação para o canal dela no YouTube, entre novembro de 2019 e junho deste ano. Na época, ela não respondeu aos pedidos de informação enviados pela reportagem.

À Polícia Federal, no entanto, a deputada disse que recebeu em dois anos o equivalente a US$ 800 (o que, na cotação do dólar de hoje, significaria R$ 4,4 mil), segundo consta no termo de depoimento da parlamentar. Afirmou, também, que não houve envolvimento de dinheiro público na geração de lucro.

"Indagada se recebe direta ou indiretamente qualquer valor oriundo de monetização decorrente de publicação de conteúdo (rede sociais, canais de YouTube etc.), vinculado ao declarante ou a pessoas interpostas, respondeu que recebe monetização apenas do canal da declarante no YouTube, mas que não envolve nenhuma verba pública; que recebeu o equivalente a US$ 800,00 em dois anos; que a monetização da declarante não é alta; que monetiza apenas conteúdo elaborado pela própria declarante; que não utiliza assessores ou verba pública para elaboração e/ou publicação de seus conteúdos na rede social Youtube", disse a deputada em trecho do depoimento à PF, revelado pelo <i>Globo</i> e confirmado pelo <b>Estadão</b>.

Procurada pelo <b>Estadão</b>, Kicis declarou que não houve dinheiro público envolvido. "Nos últimos dois anos, eu recebi US$ 800 dólares do YouTube, a monetização, o que é bem pouco. Meu canal não é de muita monetização e eu monetizo para não perder a militância, mas não tem nenhuma verba pública envolvida nisso", insistiu ela.

O <b>Estadão</b> pediu à deputada e à sua assessoria jurídica que enviassem uma cópia do extrato de monetização, para verificar se a data do recebimento dos valores da plataforma coincide com o período em que as empresas BM Gestão de Mídias Sociais e L. A. Soluções em TI e Marketing Digital informaram ter prestado a ela serviços relacionados ao canal do YouTube. A resposta foi que não seria possível enviar uma cópia do extrato de monetização porque Kicis tem o direito de manter a informação sob sigilo, já que faz parte de uma investigação que também tramita dessa forma.

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