Uma declaração do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que os EUA “escreveram a Constituição do Japão para dizer que eles não podem ser uma potência nuclear” recebeu atenção no Japão, onde possíveis mudanças na Carta sobre o tema são discutidas. Biden usou a frase na segunda-feira na Pensilvânia, durante um discurso no qual criticou o candidato republicano à presidência, Donald Trump.
Em entrevistas, Trump sugeriu que se o Japão se recusar a pagar mais pelo apoio à presença militar americana no leste asiático, o país pode ter de se defender sozinho sem a ajuda dos EUA – talvez até adquirindo suas próprias armas nucleares. Biden criticou a fala, dizendo que Trump encoraja outros países a desenvolverem armas nucleares. “Ele não entende que escrevemos a Constituição do Japão para dizer que eles não poderiam ser uma potência nuclear?”, questionou o vice-presidente.
A declaração foi publicada em grandes meios da imprensa do Japão. Em vários deles, foi notado que é pouco usual que uma graduada autoridade americana coloque a questão nesses termos tão francos.
A Constituição japonesa, adotada em 1947, foi escrita sob ocupação dos EUA, que começou após o fim da Segunda Guerra. Autoridades dos EUA escreveram uma versão inicial e modificaram o texto após consultas com autoridades do Japão, segundo historiadores. A Carta foi aprovada pelo Parlamento japonês.
A Constituição japonesa, porém, não menciona especificamente armas nucleares. Em seu artigo 9, a Carta diz que o país “renuncia para sempre à guerra” e diz que o Japão nunca terá forças terrestres, marítimas ou aéreas. Desde os anos 1950, o Japão tem mantido forças de autodefesa, que segundo os militares é constitucional, pois não envolve a participação em guerras.
Em 24 de junho, um porta-voz do governo japonês disse que é “impossível” que o país tenha armas nucleares. Para parlamentares conservadores, o Japão deve reescrever a Constituição. O premiê Shinzo Abe tem dito que deseja que o Parlamento comece a discutir mudanças constitucionais, mas não especificou que mudanças almeja. Fonte: Dow Jones Newswires.