O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) afirma que os grandes bancos do Reino Unido são "fortes o suficiente" para ajudar as famílias e as empresas neste "período difícil" de pandemia da covid-19 e seus impactos econômicos. Além disso, destaca que o setor financeiro local está preparado para o fim do período de transição no divórcio com a União Europeia, o Brexit, a fim de "limitar rupturas nos serviços financeiros".
As avaliações constam do Relatório Estabilidade Financeira de dezembro de 2020, publicado nesta sexta-feira, 11. O BoE aponta que, desde o início da pandemia, empresas, com o apoio de garantias do governo, levantaram 80 bilhões de libras em empréstimos até agora neste ano, em comparação com 20 bilhões de libras em igual período de 2019. O banco central, contudo, também destaca que existem riscos à frente, como a própria crise de saúde na covid-19 e seus impactos na economia e os novos arranjos no comércio entre o Reino Unido e a UE, ainda alvo de negociações.
Para o BoE, pode haver alguns problemas nos serviços financeiros, na transição da saída do bloco. Eles não representam, contudo, riscos à estabilidade financeira, acredita a instituição. De qualquer modo, o banco central acredita que pode haver volatilidade e alguns problemas para os serviços financeiros, particularmente para clientes sediados na UE. Essa volatilidade dos mercados pode ser reforçada no caso de que alguns usuários de derivativos não estejam totalmente preparados para negociar com suas contrapartes no bloco ou em canais reconhecidos pela UE. As instituições financeiras devem continuar a adotar medidas para evitar problemas, recomenda o relatório.
O presidente do BoE, Andrew Bailey, afirmou que o sistema financeiro do Reino Unido até agora tem sido capaz de prover apoio para famílias e empresas no país, refletindo sua resistência a choques e também as respostas políticas do próprio banco. A declaração foi dada na apresentação do Relatório Estabilidade Financeira, na qual Bailey comentou sobre medidas adotadas pelo banco central para manter a estabilidade financeira e apoiar a recuperação.
Bailey disse que, olhando adiante, as empresas e famílias do país podem precisar de mais apoio do sistema financeiro para lidar com qualquer perturbação no quadro. Ele mencionou avanços na questão das vacinas contra a covid-19, mas enfatizou que os riscos de baixa permanecem. "Eles incluem riscos com a evolução da pandemia, bem como com a transição para novos acordos de comércio com a União Europeia", apontou, em momento de impasse nas negociações comerciais com o bloco.
Para o presidente do BoE, os níveis de capital dos bancos locais seguem "fortes", mas pode haver ventos contrários para eles nos próximos trimestres, com o potencial de o desemprego e as falências de empresas aumentarem e o aumento dos riscos pesar sobre as exposições dos bancos. De qualquer modo, Bailey afirmou que os grandes bancos do Reino Unido podem no agregado absorver perdas de crédito da ordem de 200 bilhões de euros, muito mais do que o implicado se a economia se mover conforme o padrão consistente com a projeção central do comitê de política monetária de novembro, apontou.
Como já constava no relatório, Bailey comentou que os preparativos do setor financeiro para o período de transição na saída da UE estão nos estágios finais. A maioria dos riscos à estabilidade financeira nesse processo foi mitigada, afirmou ele. A autoridade lembrou, contudo, que estabilidade financeira não significa estabilidade dos mercados e nem que possam ser evitadas turbulências nos serviços financeiros.