Bolsa fecha em alta de 0,73%, após três perdas seguidas

A piora do humor em Nova York, após recentes renovações de máximas históricas, contribuiu para o Ibovespa reduzir o ganho do dia a 0,73%, a 119.299,83 pontos, ainda assim interrompendo série de três perdas que o haviam colocado a 117.969,94 no piso intradia da semana, ontem. Hoje, saiu de mínima na abertura aos 118.439,75 pontos e encontrou fôlego para ganhos acima de 1%, elevando-se a 120.282,76 pontos na máxima da sessão, acima do nível de fechamento da última sexta-feira, então a 120.240,26 pontos. Na semana, as perdas estão agora em 0,78%, com ganho no mês a 3,68% e leve avanço de 0,24% no ano. O giro totalizou hoje R$ 33,6 bilhões.

"O ímpeto da compra perdeu bastante força após Bolsonaro confirmar que o governo estuda renovar o auxílio emergencial por mais três ou quatro meses a partir de março. Segundo o presidente, a equipe econômica estuda, com o Congresso, uma alternativa para não violar o teto de gastos. A questão é que essa contrapartida não seria por novas alternativas de receita, agenda de reformas ou redução de gastos, mas sim por nova PEC da Guerra com uma cláusula de calamidade pública, como citado por Guedes nesta semana, vide a urgência", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Na B3, o segundo dia de recuperação parcial nas ações de Petrobras (PN +1,01%, ON +0,93%) contribuiu para mitigar o efeito da perda de 1,69% em Vale ON na sessão, de desempenho ao final moderada e majoritariamente positivo para bancos (BB ON +0,38%, Santander +1,02%) e também no de siderurgia, apesar da queda de 3,98% para CSN, maior perda do dia no Ibovespa, à frente de PetroRio (-2,64%) e de CVC (-1,98%). Na ponta do índice, Totvs subiu 7,77%, com Natura em alta de 5,99% e TIM, de 5,43%.

Em fevereiro, a retomada do Ibovespa ainda conta com o apoio do investidor estrangeiro, embora com ingressos líquidos mais acomodados do que os observados entre novembro e janeiro. Caminhando para a metade de um mês mais curto – e com B3 fechada na próxima segunda e terça-feira, pelo Carnaval – o saldo estrangeiro está positivo em R$ 905,665 milhões, com entrada até aqui em 2021 de R$ 24,461 bilhões, de acordo com dados referente até o dia 9.

Hoje, com o mercado refeito do tombo nas vendas do varejo em dezembro, prevaleceu especialmente pela manhã o otimismo suscitado pela aprovação da autonomia do BC, na Câmara. A princípio, a tranquila aprovação da proposta foi vista como sinal de força do governo no Congresso, em momento no qual precisa do alinhamento do Centrão tanto para avançar as reformas como para encaminhar nova rodada de auxílio emergencial, mais curta e modesta, de forma a minimizar o custo fiscal. O "caminho técnico" prometido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), é bem-vindo, mas a incerteza sobre de onde sairão os recursos para bancar a extensão do auxílio mantém na mesa a preocupação do mercado quanto à situação fiscal.

"Guedes mostrou habilidade política ao falar em responsabilidades compartilhadas entre Executivo e Legislativo, no que seria um conselho fiscal, para evitar que, depois, o Executivo venha a ser acusado de furar o teto. De saída, ele segura a pressão, mas há muito ainda por ser definido, daí a cautela que se viu nesta tarde", diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. "Embora positiva, a autonomia do BC era algo não tão complicado para aprovar, de forma que ainda se espera pela devida ênfase nas reformas, que precisam voltar a andar", acrescenta.

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