Bolsa fecha em queda de 10,35%, aos 66.894.95 pontos, com tensão do coronavírus

O Ibovespa conseguiu evitar o segundo circuit breaker do dia e, na hora final dos negócios, afastou-se das mínimas da sessão. Ainda assim, colheu perdas de dois dígitos no fechamento desta quarta-feira, em tarde na qual autoridades brasileiras, de máscara, procuraram informar e tranquilizar a população em longa entrevista coletiva, de cerca de duas horas, liderada pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, entre outros, como o da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o da Justiça, Sergio Moro. "Isso é uma guerra", chegou a dizer o general Azevedo. "O inimigo é invisível, feroz, dedicado", acrescentou.

Com vencimento de opções sobre o Ibovespa, e dólar a R$ 5,2570 na nova máxima histórica intradia, o índice à vista da B3 voltou a fechar em queda acentuada nesta quarta-feira, tendo perdido quase metade dos pontos ante o recorde de fechamento em 23 de janeiro, de 119.527,63 pontos. No encerramento, o Ibovespa mostrava hoje 66.894,95 pontos, em queda de 10,35% na sessão, e acumulando agora perda de 44,04% ante o pico histórico, em pouco menos de dois meses. Na semana, o Ibovespa cai 19,09%; no mês, 35,78%; e no ano, 42,16%.

O sexto circuit breaker de março foi acionado pouco depois das 13h, e algum tempo após a retomada dos negócios, o mecanismo quase foi efetivado novamente, quando as perdas se aproximavam da marca de 15% – a B3 aumentou então o limite de flutuação do índice futuro, desafogando o índice à vista. O giro financeiro totalizou R$ 58,9 bilhões, impulsionado como de costume em dia de vencimento de opções sobre o índice. No exterior, a referência americana de petróleo, o WTI, foi negociada hoje no menor nível do século.

"A palavra é a mesma, aqui e fora: pandemia", resume o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Com o acúmulo de perdas na B3 e a economia global se assemelhando cada vez mais a uma catatonia, com dificuldades de operação de cadeias logísticas e o recolhimento compulsório de consumidores e trabalhadores às casas, a agitação parecia ainda mais perceptível do que em dias anteriores, já tensos. "Me liga mais tarde, estou liquidando posições", disse um operador, depois do circuit breaker do dia, o sexto do mês, igualando o pior momento da crise global de 2008. "Está difícil falar, tem muita gente em home office", explicou outro integrante de mesa.

A escalada de notícias ruins parece acompanhar o ritmo exponencial de disseminação do vírus. Instituições como Goldman Sachs reduzem projeções econômicas e já preveem a possibilidade de recessão no Brasil. A revista The Economist reporta que cerca de metade da população mundial será afetada pelo coronavírus. E o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, avalia que, em cenário extremo, a taxa de desemprego nos EUA – hoje na mínima de cinco décadas – poderia chegar a 20%, muito acima do auge observado na última crise global (10% em outubro de 2009) e não muito distante ao da Grande Depressão (24,9% em 1933).

Na B3, as empresas do setor aéreo e de turismo se mantiveram, mais uma vez, na ponta negativa, com Smiles em queda de 38,89%, CVC, de 36,78%, e Azul, de 33,09%. Destaque também para perda de 32,95% em Via Varejo, de 28,72% para Cyrela e de 28,41% para Gol. No ano, Azul perde agora 82,24%, CVC, de 85,18%, Gol, de 84,78%, e Smiles, de 73,62%. Entre as blue chips, Petrobras PN fechou hoje em baixa de 13,15% e a ON, de 15,52%, enquanto Vale ON cedeu 6,89%. Entre os bancos, Bradesco PN caiu 11,66%, Banco do Brasil perdeu 7,71% e Itaú Unibanco caiu 6,94%. Duas ações do Ibovespa conseguiram fechar em alta hoje: Carrefour (+1,97%) e BB Seguridade (+0,67%).

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