As bolsas na Europa ensaiam um movimento de recuperação no último pregão da semana enquanto o aumento de casos da covid-19 e a expectativa em torno do Brexit, como é chamado o divórcio do Reino Unido da União Europeia (UE), seguem no centro das preocupações dos investidores. Com o apoio do noticiário corporativo e dados da zona do euro, os mercados tentam reduzir as perdas aprofundadas pelo temor do impacto econômico dos novos bloqueios para conter uma segunda onda do vírus no continente e as incertezas quanto a um novo socorro nos Estados Unidos.
Depois de fecharem em forte baixa ontem, as ações europeias operam no azul nesta sexta-feira, com exceção da bolsa de Madri. Às 7h07 de Brasília, o Stoxx-600 apresentava elevação de 0,58%, aos 365,00 pontos. O alívio ajuda a diminuir as perdas do índice na semana, que representa 90% do mercado europeu.
"A queda para os preços dos ativos foi limitada até agora, com o Stoxx-600 ainda dentro de 5% de seu pico de julho", avalia o Bank of America (BofA), em relatório. Para estrategistas do banco americano, há potencial de alta de 10% do índice tão logo o vento contrário do "ressurgimento do vírus" e, especialmente, se aprovada a ajuda fiscal nos EUA, sustentarem um crescimento global favorável.
Na manhã de hoje, o noticiário corporativo sustenta o alívio dos mercados europeus. As ações da ThyssenKrupp sobem mais de 15% após a britânica Liberty Steel anunciar a intenção de fazer uma oferta pública para arrematar a unidade de aço do conglomerado alemão.
Por outro lado, os investidores também digerem dados da zona do euro. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da região apontou queda de 0,3% na comparação anual de setembro, segundo dados da agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. Além disso, na balança comercial da zona do euro, as exportações aumentaram 2% em agosto ante julho, enquanto as importações cresceram 0,5%.
De volta ao front de preocupações, a incerteza de investidores segue numa crescente quanto aos efeitos de uma segunda onda do vírus na Europa e a multiplicação de restrições mais duras para contê-la. Ontem foi a vez de Londres elevar a régua para conter o vírus, com "alerta alto" para os britânicos.
Em mais um capítulo do "Brexit drama", como tem sido apelidado por bancos e pela imprensa estrangeira o imbróglio das negociações entre o Reino Unido e UE, as atenções estão voltadas para a fala do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, nesta sexta-feira, após reunião com o bloco europeu.
"Achamos que isso deve ser considerado apenas como uma peça para a galeria e continuamos a pensar que um acordo comercial é mais provável do que não", diz o analista do dinamarquês Danske Bank, Daniel Brodsgaard, para quem as negociações do Brexit devem se estender até o início de novembro.
Os investidores monitoram ainda o desenrolar do novo pacote de ajuda fiscal nos EUA. O presidente americano, Donald Trump, disse ontem que está disposto a aumentar o valor da proposta da Casa Branca por um socorro de US$ 1,8 trilhão. Vale lembrar que a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, busca US$ 2,2 trilhões.
Também às 7h07 de Brasília, o índice CAC-40, de Paris, liderava o movimento de recuperação de perdas nas praças europeias, com valorização de 1,10%. Enquanto isso, o FTSE-100, de Londres, subia 0,75%, e o Dax-30, de Frankfurt, tinha alta de 0,59%. O índice FTSE-MIB, de Milão, tinha elevação de 0,16% e o PSI-20, de Lisboa, alta marginal de 0,04%. Na contramão, o Ibex-35, de Madri, tinha baixa de 0,20%.