As bolsas de Nova York fecharam sem sinal único nesta segunda-feira, 22, à medida que investidores apostaram em maior cautela diante dos desdobramentos da discussão orçamentária da Itália e do Brexit, que derrubaram também as praças europeias, embora tenham monitorado medidas chinesas para apoiar a economia do gigante asiático. Na agenda da semana, estão catalisadores importantes, como os resultados trimestrais de grandes empresas de tecnologia e o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, a ser divulgado na próxima sexta-feira.
O índice Dow Jones registrou queda de 0,50%, aos 25.317,41 pontos, enquanto o S&P 500 caiu 0,43%, aos 2.755,88 pontos. Já o Nasdaq avançou 0,26%, aos 7.468,63 pontos.
Após a tentativa de recuperação ensaiada na semana passada, os mercados acionários americanos se viram pressionados pelo noticiário carregado na Europa, dando prosseguimento à tendência de perdas que alguns analistas já sinalizam que deve ter continuidade. Para estrategista-chefe de ações do Morgan Stanley, Michael Wilson, a recuperação da semana passada foi “o respiro de um gato morto”, com a tendência de baixa sendo retomada logo em seguida e tendo continuidade nesta semana. Em nota a clientes, Wilson cita a “quebra definitiva” do S&P 500 ao analisar a média móvel dos últimos 200 dias, que, no pregão desta segunda-feira, seria de 2.768,55 pontos.
Wilson não é o único a avaliar a possibilidade de que os mercados de ações nova-iorquinos não mostrem recuperação definitiva. “Acreditamos que o S&P 500, os rendimentos dos títulos da dívida pública dos Estados Unidos e o dólar cairão até o fim do próximo ano, uma vez que uma forte desaceleração na economia americana levará o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a parar de elevar os juros mais cedo do que os investidores antecipam”, afirmaram os estrategistas da consultoria britânica Capital Economics. Para eles, o PIB dos EUA deve sair de 2,8% este ano para 2,2% em 2019 e 1,5% em 2020.
A perspectiva de que a expansão econômica americana continue forte vem apoiando as bolsas americanas este ano. Após apresentar expansão anualizada de 4,2% no segundo trimestre, o PIB dos EUA deve continuar robusto no terceiro trimestre, embora desacelere para algo em torno de 3,4%, de acordo com analistas. Durante a manhã, a distrital de Chicago do Fed divulgou que o índice de atividade nacional dos EUA caiu de 0,27 em agosto para 0,17 em setembro, mas ficou acima do esperado pelo mercado (0,15).
Robusta, a economia americana destoa de outros países. Logo na madrugada, o governo da China anunciou medidas para apoiar a atividade, o que gerou um rali nas bolsas asiáticas. No entanto, o otimismo inicial deu lugar às tensões com o orçamento da Itália para o ano fiscal de 2019 e em meio às negociações do Brexit – assuntos que já geravam cautela nas praças europeias.
O setor financeiro liderou as perdas do dia e, mesmo com a perspectiva de que o Fed continuará a aumentar as taxas de juros no curto prazo, viu o subíndice no S&P 500 cair 2,06%, para 433,41 pontos. Pesaram os papéis do Bank of America (-3,32%), do Citigroup (-3,30%) e do Goldman Sachs (-2,36%).
Ao mesmo tempo, as techs apresentaram ganhos robustos e deram auxílio ao Nasdaq à medida que a semana prepara balanços de cinco gigantes: Microsoft (+0,89%), na quarta-feira; e Intel (+2,30%), Amazon (+1,43%), Alphabet (+0,56%) e Twitter (+1,21%), que divulgarão seus números na quinta-feira.