O grupo de corretoras de seguros Brasil Insurance está tentando se reinventar, com parcerias para vender seus produtos em novos canais. Em meio a um processo de reestruturação, a empresa quer se aliar a pequenas redes de varejo, operadoras de cartões de crédito, times de futebol, entidades de classe e empresas para oferecer seguro. Depois de ver suas ações despencarem na Bolsa desde o fim do ano passado, a companhia pisou no freio nas aquisições, para integrar sua operação.
A empresa nasceu de um modelo criado por financistas que consiste na aquisição de pequenas empresas de setores pulverizados (neste caso, corretoras), na integração delas em uma holding e, por fim, no lançamento de ações na Bolsa de Valores. A ideia é juntar as pequenas para formar um grupo grande, capaz de aproveitar os ganhos comerciais da operação em escala.
A companhia nasceu com 27 empresas em 2010, e, desde então, investiu R$ 488 milhões em aquisições. Neste ano, fez apenas uma compra – a da ISM, por aproximadamente R$ 18 milhões, a 52ª empresa integrada à holding. Quando chegou ao mercado, a Brasil Insurance informou que pretendia agrupar 80 empresas.
Segundo o presidente da Brasil Insurance, Edward Lange, que assumiu há quase três meses o comando da empresa, o número de companhias que compõem a holding deve permanecer estacionado. A prioridade agora, diz Lange, é a integração das unidades. “Queremos transformar as 52 corretoras em uma só.” O processo, que inclui a migração de sistemas para uma única plataforma, mudanças organizacionais e a criação de um comitê de auditoria, está previsto para ser concluído entre abril e maio de 2015.
Expansão
Em vez de aquisições, o novo foco do crescimento da empresa é vender seguros em novos canais. Há conversas com quatro ou cinco potenciais parceiros, mas Lange prefere guardar os nomes sob sigilo.
A corretora já possui algumas parcerias no varejo, com redes como Riachuelo, Seller, Petróleo Ipiranga e Supermercados DAvó. Mas seu objetivo é estruturar uma forte área de seguros massificados para vender neste segmento, com operação prevista para iniciar no próximo trimestre. Tratam-se de produtos padronizados e vendidos a preços mais baixos em canais de grande circulação de pessoas.
“Queremos acordos exclusivos, de cinco, dez anos. Essa é uma fonte de recursos alternativa ao varejo, uma vez que a rede recebe comissões de vendas”, explicou o presidente.
Além de acesso à base de clientes dos novos parceiros, a Brasil Insurance busca aliados que aceitem compartilhar o risco do negócio. A corretora não quer passar pelos mesmos problemas que fizeram bancos e redes varejistas encerrarem parcerias depois de casamentos caros e pouco frutíferos. Em relação à concorrência com seguradoras na linha de produtos massificados, Lange diz que a Brasil Insurance mira canais menores e oferece como benefício a possibilidade de ofertar seguros de várias marcas e não de apenas uma empresa.
A Brasil Insurance também quer crescer com venda de seguros para os colaboradores das empresas que já são suas clientes, no e-commerce e por meio de cartões próprios de lojas.
As investidas da Brasil Insurance ocorrem num momento complicado para a companhia. O lucro do primeiro semestre veio 54% menor que o do mesmo período do ano passado. Lange diz que fazer todo essa reestruturação em uma empresa de capital fechado seria “bem mais fácil”, mas afirma que sair da Bolsa não está nos planos. Até porque as ações da Brasil Insurance perderam 52% do valor neste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.