Se você já sentiu aquela coceira nos olhos e os esfregou por alguns segundos, saiba que essa prática pode levar a uma doença oftalmológica pouco conhecida, mas que já é causa de 20% de todos os transplantes de córnea realizados hoje no país, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Trata-se do Ceratocone.
De acordo com o médico especialista Marcelo Mastromonico Lui, do Hospital de Olhos – CRO, de Guarulhos, a campanha Junho Violeta nasceu em 2018, por meio da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SOB), e visa discutir e jogar os holofotes sobre os perigos da doença, que é pouco conhecida pela população. “Pela minha experiência de atendimento no CRO e no Sistema Único de Saúde [SUS], estimo que ao menos 5% dos guarulhenses tenham Ceratocone, alguns ainda necessitando de diagnóstico e tratamento”, explica.
O objetivo da campanha Junho Violeta é alertar as pessoas sobre os perigos do hábito de coçar os olhos, o que pode causar ou agravar a doença. Diversos pontos turísticos do mundo todo foram iluminados de violeta.
O médico explica que o Ceratocone deforma a curvatura da córnea, fazendo com que ela passe a ter um formato de cone. “Normalmente, isso afeta as pessoas durante a adolescência e vai evoluindo até se estabilizar, por volta dos 40 anos de idade”, afirma. Ele esclarece que o transplante de córnea é exigido em casos mais graves, mas que a doença afeta a qualidade da visão e induz à miopia, astigmatismo ou hipermetropia.
“Com a pressão causada nos olhos, a córnea vai ficando enfraquecida, mais fina e sem resistência. Dessa forma, ela deixa de ter um formato esférico, induzindo a distorção de imagens”, destaca. A prevenção do hábito de coçar os olhos é uma das melhores maneiras de não agravar o quadro.
A córnea é uma espécie de ‘lente fixa’ sobre a íris, que projeta a luz sobre a retina. Alterações na sua curvatura comprometem a visão e impedem a projeção de imagens mais nítidas na retina. Os principais sintomas são a perda progressiva da visão, o que causa o aumento constante do grau das lentes dos óculos, sensibilidade à luz, visão dupla e poliopia, ou seja, a formação de múltiplas imagens de um mesmo objeto.
Tratamento
O médico Marcelo Mastromonico Lui afirma que o tratamento pode ser clínico, com uso de lentes de contato rígidas, ou cirúrgico, com o chamado crosslinking – aplicação de vitamina B2 com luz ultravioleta para endurecer a córnea – ou com a implantação de um anel.
“Minha recomendação é de que tanto na infância quanto na adolescência, os pais levem regularmente seus filhos para visitar o oftalmologista. Mas também é importante que mesmo os adultos visitem o especialista pelo menos uma vez ao ano”, conclui.
Estudo vai aprofundar números
Por sua larga experiência em atendimento a pacientes com Ceratocone, tanto no CRO quanto no Sistema Único de Saúde, o médico acredita que ainda faltem estudos massificados para medir a incidência da doença no país. Ele pretende realizar uma pesquisa aprofundada sobre a presença do Ceratocone nos municípios brasileiros.
O CRO é o único hospital do Brasil a oferecer um curso com nível de especialização na doença. No total, a jornada tem 240 horas, com especialistas de todo o país.
Serviço
Hospital de Olhos CRO
Rua Santa Conceição, 51, Centro – Guarulhos/SP
Telefone e WhatsApp: 11 2087-7737
E-mail: [email protected]
Site: hospitaldeolhoscro.com.br