O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira que a inflação brasileira vem mostrando melhora lentamente – embora a batalha não esteja ganha – e que, inclusive, as expectativas inflacionárias para 2023 quase entraram dentro do intervalo de referência antes do reajuste de combustíveis pela Petrobras. "Estávamos quase dentro do intervalo de confiança. Aí tivemos o reajuste da Petrobras, o que eu apoio, é importante seguir os preços de mercado, mas fez que subisse um pouco a inflação."
Além do efeito do petróleo nos preços administrados, Campos Neto mencionou que, no último dado de inflação, o IPCA-15 de agosto, que ficou um pouco acima do esperado, houve uma influência do bônus de Itaipu nos preços administrados. Já a inflação de serviços está caindo. "Os números de inflação estão melhorando, mas ainda de forma bastante lenta. Estamos fazendo um pouso suave, mas a batalha não está ganha. É preciso perseverar; se não faz a última milha, a inflação pode voltar mais alta e persistente."
Campos Neto voltou a mencionar que o Brasil tem historicamente taxa de juros real acima de outros países, mas que a diferença para outras nações, como o México, é menor hoje do que foi no passado.
Ele ainda repetiu que, além das questões fiscais, o baixo índice de recuperação de crédito. "É importante melhorar indicadores de recuperação de crédito."
O presidente do BC também reafirmou que o Brasil começou antes a elevar os juros, em meio à crise inflacionária global, e que teve maior eficiência. "O Brasil teve mais eficiência na alta de juros para combater a inflação. Subiu os juros muito antes e muito menos, em termos reais, do que nas últimas crises. "Acho que é sinal de que estamos amadurecendo o sistema de metas, da importância do BC independente e de atuar com credibilidade."
Campos Neto fez os comentários no Lide Brazil Development Forum que ocorre em Washington.
<i>*O jornalista Ricardo Leopoldo viajou a Washington a convite do Lide</i>