Câmara dos EUA vota para afastar republicana apoiadora do QAnon de comissões

Os legisladores dos Estados Unidos votam nesta quinta-feira, 4, a remoção da republicana Marjorie Taylor Greene de duas comissões da Câmara, forçando os republicanos no Congresso a tomarem uma posição pública sobre a deputada novata da Geórgia que chegou a apoiar apelos para executar políticos democratas antes de ser eleita – e hoje cria polêmicas ao compartilhar teorias da conspiração.

O líder da maioria na Câmara, Steny Hoyer, disse que conversou na quarta-feira (3) com o principal republicano da Casa em meio a um intenso debate sobre a retórica incendiária de Marjorie Greene e seu apoio a postagens ofensivas nas redes sociais. Mas as negociações não produziram resultado, mesmo com o líder da minoria na Câmara, Kevin McCarthy, lutando para evitar uma votação que poderia constranger seus membros.

"Está claro que não há alternativa sem ser realizar uma votação no plenário sobre a resolução para remover a deputada Greene de suas atribuições de comissão", afirmou Hoyer em um comunicado. A Comissão de Regras se reuniu na terça-feira para começar a preparar a medida para uma votação em plenário", disse Hoyer.

Símbolo do extremismo crescente entre a base pró-Trump do Partido Republicano, essa conservadora de 46 anos do Estado da Geórgia é empresária do ramo da construção civil e novata na política. Marjorie Taylor Greene conquistou a cadeira do 14º distrito de seu Estado nas eleições de novembro de 2020. A vitória era esperada – ela estava concorrendo sem oposição em um dos distritos mais conservadores do país -, assim como as derrotas da maioria dos outros candidatos não vinculados ao QAnon.

Antes de chegar ao Congresso, Marjorie Greene curtiu postagens no Facebook que defendiam a execução de democratas, incluindo a presidente da Câmara, Nancy Pelosi.

Em 2018, ela havia afirmado que incêndios florestais na Califórnia foram iniciados por um laser espacial controlado por uma família judia, e apoiou as teorias da conspiração da QAnon de que um "estado profundo" operava contra Donald Trump quando ele era presidente.

A parlamentar ainda apoia as alegações infundadas de Trump de que a eleição foi roubada, zomba dos legisladores por usarem máscaras e tenta evitar a triagem de segurança imposta após a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro que deixou cinco mortos.

Os republicanos do Senado se voltaram contra ela. O líder da minoria Mitch McConnell disse que seus comentários e defesa de teorias da conspiração eram como um "câncer" no partido, enquanto outros republicanos a chamaram de maluca.

<b>Apoio de Trump</b>

Embora a maioria dos legisladores republicanos tenha ficado horrorizado com sua retórica, alguns argumentaram que os membros do Congresso não deveriam ser punidos por comentários que fizeram antes de serem eleitos e que permitir que um partido (neste caso, os democratas) tome uma ação unilateral contra um legislador de outra parte abriria um precedente perigoso. Outros estão receosos de fazer essa votação após o ex-presidente Donald Trump demonstrar apoio.

Agora, os democratas pressionam McCarthy para retirar Greene dos painéis, incluindo a Comissão de Educação e Trabalho da Câmara. McCarthy supostamente ofereceu remover Greene do painel de Educação se ela pudesse permanecer na de Orçamento, mas Hoyer recusou o acordo.

Greene enviou um e-mail para arrecadar fundos minutos depois que Hoyer divulgou seu comunicado, pedindo a seus apoiadores que "apressem uma doação de emergência" para ajudar a defendê-la. A republicana começou a arrecadar fundos na terça-feira com a alegação de que os democratas a estavam alvejando injustamente por causa de suas crenças, e disse que o esforço rendeu a ela mais de US$ 160 mil em um dia. Greene ainda tuitou que ela "não deve desculpas" por suas ações e "nunca" vai desistir. (Com agências internacionais).

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