Candidatos tentam fixar marcas com novas promessas

Durante o debate do <b>Estadão</b>, nesta terça, 10, candidatos à Prefeitura de São Paulo trabalharam para fixar suas principais propostas, algumas vezes às custas de repetições, e até lançaram promessas de última hora. No decorrer do programa de 1h50, Celso Russomanno (Republicanos) falou do vale-creche, um auxílio financeiro para mães carentes, em quatro oportunidades. O prefeito Bruno Covas (PSDB) propôs mudar a forma como os entregadores de aplicativos são remunerados, o que não consta em seu plano de governo.

Em queda nas pesquisas de intenção de voto, Russomanno apostou em vale-creche, auxílio emergencial e hospital público para pets, que tratou, mais de uma vez, como "nossos amiguinhos de quatro patas". Apesar das citações recorrentes, o candidato não se aprofundou no objetivo das propostas em nenhuma de suas falas. Russomanno recorreu ao vale logo em sua primeira participação no programa, ao ser questionado sobre como manter o discurso de combate à corrupção enquanto seu partido, o Republicanos, abriga o senador Flávio Bolsonaro, denunciado semana passada por suposto esquema de rachadinha em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio.

Em uma das citações ao benefício, Covas interveio: "O vale-creche já existe em São Paulo. O senhor precisa se informar melhor". A Prefeitura passou a distribuir, desde 2 de abril, vale-alimentação para crianças em idade escolar. Aos matriculados na creche, o pagamento é de R$ 101 por mês. O vale de Russomanno não está no programa de governo que o candidato entregou à Justiça Eleitoral no início da campanha, embora tenha sido citado em seu programa do horário eleitoral na TV.

Covas apresentou um discurso novo sobre motoboys que entregam comida por aplicativos. "A grande luta é acabar com esse dumping social de remunerar o trabalhador por entrega, que é um grande estímulo a acidentes", disse o prefeito, sem especificar se vai encampar projetos de lei sobre o assunto na Câmara Municipal. Atualmente, os vereadores discutem dois textos. Os PLs 130 e 578 preveem, entre outras regras, proibição do pagamento de prêmios aos motoqueiros que fizerem mais entregas.

A proposta foi apresentada no momento em que o prefeito comentava uma pergunta feita, via Twitter, por um leitor do <b>Estadão</b>. Chamado a opinar sobre o mesmo questionamento, Jilmar Tatto (PT) propôs a construção de um espaço de descanso para os entregadores e a criação de um aplicativo da própria Prefeitura, que seria vinculado de alguma forma aos serviços de entrega que já existem. "Eles (entregadores) são explorados, perdem em torno de 25% a 30% de recurso em cada viagem que fazem, principalmente por empresas multinacionais", disse.

<b>Verba</b>

Ex-secretário dos Transportes da gestão Fernando Haddad, o petista focou suas falas nesta área. Disse que vai rever os contratos com as empresas de ônibus, assinado em setembro do ano passado, com o objetivo de reduzir a tarifa para R$ 2 nos feriados e finais de semana, passe livre para pacientes com exames agendados na rede pública e a volta do prazo de quatro horas para o Bilhete Único.

Se Tatto quer bancar os benefícios nas passagens por meio da revisão dos contratos, Márcio França (PSB) pretende manter ônibus grátis aos domingos com propaganda dentro dos coletivos. Para poupar dinheiro, o candidato disse que, caso seja eleito, vai reduzir para 1% o porcentual de cargos comissionados na Prefeitura. Quando Covas comentou a resposta, perguntou por que França não fez o mesmo quando foi prefeito de São Vicente e governador de São Paulo.

Boulos também recorreu a um tema em que atua há mais tempo: moradia. Comprometeu-se a reeditar os mutirões de moradia feitos pela ex-prefeitura Luiza Erundina, sua candidata a vice. O candidato do PSOL bateu na tecla de que é preciso aproximar a moradia no trabalho e, ao responder a pergunta sobre enchente, disse que é preciso começar limpando bueiros.

No bloco de perguntas entre candidatos, Arthur do Val (Patriota) questionou Boulos sobre qual seria o impacto orçamentário das promessas descritas em seu plano de governo. O candidato do PSOL disse que a prefeitura tem R$ 19 bilhões em caixa, que pretende arrecadar entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões com a cobrança dos inscritos na dívida ativa do município, mas não disse quanto custaria a implementação de seu programa.

Ao responder perguntas sobre enchente e cracolândia, Do Val afirmou que as soluções que propõe exigem a atuação de mais de uma área da administração pública. Para acabar com o consumo de drogas no centro de São Paulo, ele sugeriu rever o tombamento de imóveis para "dar mais vida ao centro" e enviar equipamentos sociais que estão na região para a periferia.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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