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Cemitério Primaveras contesta riscos e Município aguarda posição da Cetesb

Porém, a resolução 402 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), dispõe que os municípios devem criar normas municipais sobre seus cemitérios

O risco de contaminação dos moradores vizinhos dos cemitérios Vila Rio e Primaveras I e II, apontado em estudo da advogada Cristiane Barrio Novo, que resultou em Projeto de Lei da vereadora Luiza Cordeiro para adequações, foi contestado pela administração do Primaveras.

A Prefeitura informou estar aguardando decisão da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para só depois saber qual será o procedimento adotado para implementar os padrões no município.

Porém, a resolução 402 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), dispõe que os municípios devem criar normas municipais sobre seus cemitérios.

Sobre a possibilidade de contaminação do lençol freático por necro-chorume – líquido resultante da decomposição dos corpos sepultados – a assessoria de imprensa do Primaveras reconhece o risco, mas, baseado em estudo do geólogo Leziro Marques Silva, que afirma que 15 a 20% dos cemitérios tem problemas de contaminação, nesse sentido, "um ou dois cemitérios [de Guarulhos] teriam problemas. O número é significativo, já que a cidade conta com 8 cemitérios.

Porém, na sequência, rebate o estudo, afirmando que "o líquido [necro-chorume] é muito denso, se parece mais com gelatina do que com água. Essa densidade não permite que ele se infiltre no solo". E ainda completa que estudos comprovam que tal infiltração não atinge um centímetro de profundidade abaixo da sepultura, sem explicitar quais estudos.

Com relação aos filtros biológicos para eliminação de gases tóxicos emanados pelos corpos em decomposição, a assessoria foi taxativa ao dizer que isto não acontece, portanto, não há previsão de utilização dos filtros.

Aterro sanitário – Tanto o Primaveras como a Prefeitura afirmam que lixos como restos de velas, coroas de flores e objetos usados na cerimônia de sepultamento não tem contato com nada que possa contaminá-los.

A Prefeitura afirma reciclar os materiais recolhidos, além de utilizar papelões ao invés de zinco nas urnas, estas já fabricadas com madeira de reflorestamento e alças biodegradáveis. Sem especificar, afirma analisar outras ações para atender as normas do Conama.

População se mostra assustada com riscos de contaminação

Os moradores vizinhos dos cemitérios da Vila Rio e Primaveras I e II mostraram muita preocupação com os riscos de contaminação tanto pelos gases tóxicos como pelo necro-chorume no lençol freático, de acordo com o estudo.

A auxiliar de limpeza Odete Monteiro, 47, que trabalha em um condomínio em frente ao Necrópole do Campo Santo, na Vila Rio, disse ter conhecimento do problema. "A gente fica com medo. Eu penso até em mudar de emprego se comprovarem este risco".

Já o gerente de segurança, Paulo Eduardo Satorilli, 41, que reside há 40 anos no local, teme pelo futuro de seus filhos. "Os efeitos devem ser sentidos nas gerações futuras. Infelizmente, a população não se dá conta dos riscos que corre", lamenta.

Para Satorilli, existe uma falta de planejamento e fiscalização. "Não se trabalha pensando nas conseqüências e no futuro, nos impactos ambientais", afirma. "Eu creio que não exista fiscalização. Além de ratos e até gambás de dentro do cemitério que invadem as casas, temos que conviver com estes riscos", finaliza.

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