O funeral do boxeador Muhammad Ali começou oficialmente no início da tarde desta quinta-feira na cidade de Louisville, nos Estados Unidos. Cerca de 15 mil pessoas participaram da cerimônia muçulmana chamada Jenazah, a primeira parte da despedida do tricampeão dos pesos pesados morto na semana passada em razão de complicações respiratórias do Mal de Parkinson. O evento durou cerca de 40 minutos e contou com a presença do presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, e pugilistas famosos, como Sugar Ray Leonard. Na sexta-feira, será realizada a procissão pela cidade e o culto ecumênico.
Jenazah, palavra árabe que significa funeral, é um ritual muçulmano tradicional simples e relativamente curto. Líderes religiosos fizeram leituras em árabes do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos. Em outros momentos, foram feitos elogios à vida e à carreira do boxeador, o que deu um tom político e humanitário ao evento.
Pessoas de todas as partes do país, especialmente muçulmanos, se concentraram no local desde as primeiras horas da manhã. Algumas começaram a chegar por volta das 7h, cinco horas antes do início da cerimônia.
Um dos objetivos de Ali, que planejou diretamente seu funeral, foi conquistado: o evento foi aberto a todas as religiões. Existiam pessoas com as vestimentas tradicionais muçulmanos, mas também calças jeans, camisas e calças. Compareceram brancos e negros. Os celulares foram responsáveis por registrar o momento histórico. Quase todas as pessoas estavam com os braços esticados para gravar ou fotografar a cerimônia.
O Freedom Hall é um local importante na história de Ali. Foi ali que ele disputou – e venceu – sua última luta em sua terra natal, em 29 de novembro de 1961.
Batizado como Cassius Clay em 1942, na época da segregação racial, o boxeador se tornou muçulmano em 1964, mudando seu nome para Muhammad Ali em uma conversão que chocou os Estados Unidos. Para milhões de muçulmanos, Ali simboliza o rosto pacífico e tolerante do Islamismo.
“Muhammad Ali tem uma importância muito especial para a comunidade muçulmana. Devemos dizer adeus a ele da melhor forma que pudermos, honrar sua memória, seguir seu caminho e amar uns aos outros como ele desejava”, disse o imã Zaid Shakir, líder espiritual de Ali que conduziu a cerimônia.