Depois de 19 anos de filiação ao PSDB, a ministra-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Grace Maria Fernandes Mendonça, informou na quarta-feira, 21, que vai pedir para sair dos quadros do partido. “A advogada-geral reitera que jamais participou de atividade partidária por qualquer agremiação. Sua atuação à frente da Advocacia-Geral da União é eminentemente técnico-jurídica e voltada ao exercício de uma advocacia pública de Estado”, comunicou a assessoria da AGU, em nota depois da divulgação da informação sobre a filiação.
O caso foi revelado pela coluna Expresso, da revista Época. Segundo a Advocacia-Geral da União, a ministra “se surpreendeu” com o registro de filiação, do qual “não se recorda de ter feito”. “Diante deste fato, ainda que reconhecendo a importância das legendas no estado democrático de direito, Grace Maria Fernandes Mendonça vai, cordialmente, solicitar sua imediata desfiliação”, comunicou a AGU.
Única mulher a compor o Ministério do governo de Michel Temer, Grace Mendonça assumiu o comando da Advocacia-Geral da União em 14 de setembro, depois da demissão de seu antecessor, Fábio Medina Osório, que entrou em rota de colisão com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Antecessor
Fábio Medina alegou que não foi “subserviente” à Casa Civil e lançou dúvidas se Grace terá “autonomia” no comando da pasta. O ex-ministro atribuiu sua exoneração à suposta insatisfação do Palácio do Planalto com medidas tomadas pela Advocacia-Geral da União contra políticos investigados na Operação Lava Jato, incluindo parlamentares da base aliada do governo Temer.
A saída foi definida horas depois de Medina cobrar de sua equipe agilidade nas providências para ajuizar ações de improbidade administrativa contra responsáveis por desvios na Petrobrás e outros órgãos. A nova advogada-geral da União considerou “infundadas” as acusações de seu antecessor de que o governo estaria tentando abafar a Operação Lava Jato.
Ao ser anunciada no cargo, Grace afirmou que o governo vai tomar as providências necessárias para processar políticos e servidores públicos investigados na Lava Jato. “Não vai ter nenhum tipo de restrição. Tão logo sejam analisadas pelo Departamento de Probidade Administrativa, as ações serão promovidas pela AGU”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.