Os episódios da ação de reintegração de posse no Pinheirinho
A desconfiança que expresso está contida nos mistérios que marcaram este processo. Primeiro, são as informações de vereadores locais, de que a área pertencia a uma família alemã assassinada há 30 anos, em circunstâncias até hoje não esclarecidas. Outro mistério está no fato da área de mais de 1 milhão de metros quadrados, avaliada hoje em R$ 180 milhões, saiu das mãos do Estado e passou para a Selecta, empresa do megaespeculador Naji Nahas.
Ao lembrar os diversos prejuízos causados por este senhor em 1989 nas Bolsas, seu envolvimento em desvios de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro e suas relações com o banqueiro Daniel Dantas, operador de campanha eleitoral de Serra e do PSDB, fica impossível não fazermos associações sobre seu grau de poder e influência.
O ex-delegado da Polícia Federal e hoje deputado federal Protógenes Queiroz, responsável pela sua prisão em 2008, é quem sentencia: “Ele [Nahas] tem muita influência e sabe se mover entre autoridades. A massa falida que detém oficialmente os direitos da área era judicialmente obrigada a fornecer local seguro aos habitantes do Pinheirinho. Isso não foi providenciado. E as autoridades, mesmo assim, cumpriram a ordem de despejo”.
Minha decepção com o Poder Judiciário que apressou julgamento e decisão pela reintegração, num processo que tramitava há pouco mais de seis anos, sem inclusive observar garantias legais que os reintegrados possuíam.
É nestas horas que apoio integralmente a determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de fiscalizar o Judiciário. Seria muito interessante a sociedade também acompanhar a evolução patrimonial dos envolvidos neste processo.
José Luiz Guimarães
Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna