Equipes do Serviço Nacional de Geologia e Mineração do Chile (Sernageomin) traçaram um perímetro de segurança de 100 metros em torno da cratera que surgiu repentinamente na comunidade de Tierra Amarilla, no deserto do Atacama, anunciou o órgão nesta terça-feira, 2. Especialistas e autoridades locais trabalham em conjunto da região para determinar a causa e os riscos à segurança dos moradores da comunidade, localizada a cerca de 600 metros do local em que a cratera se abriu.
A cratera foi identificada no sábado, 30, por um morador da região, segundo declaração do prefeito Cristóbal Zúñiga ao jornal espanhol <i>El Mundo</i>. Uma medição inicial apontou que o diâmetro do buraco tinha aproximadamente 25 metros, mas novas medições realizadas na segunda-feira, dia 1°, apontaram que a cratera continuou a crescer, atingindo 32 metros de diâmetro e 64 metros de profundidade.
De acordo com Zúñiga, foi possível ouvir os deslizamentos de terra que provocaram o alargamento da cratera de perto do local nos últimos dias.
Os especialistas do serviço geológico chileno chegaram à região na segunda-feira para levantar informações para um relatório técnico que deverá explicar o que provocou o surgimento da cratera e possíveis riscos. Apesar de não ter divulgado informações detalhadas até o momento, autoridades locais relataram à imprensa que a preocupação com o impacto causado pela atividade de empresas de mineração na região é recorrente – o local onde a terra se abriu fica em um terreno onde a mineradora Candelaria explora a mina subterrânea de cobre Alcaparrosa.
"Nos preocupa, já que é um temor que sempre tivemos como comunidade, pelo fato de estarmos rodeados de jazidas de minérios e trabalhos subterrâneos embaixo da nossa comuna", declarou Zúñiga ao <i>El Mondo</i>. E acrescentou: "nós solicitamos que seja esclarecido qual é o motivo e porque aconteceu esse evento, quais são as razões, se é que a cratera é produto da atividade mineira que há embaixo (da terra) ou se trata de algo de outra natureza".
Na terça-feira, 2, o perfil da Prefeitura de Tierra Amarilla no Twitter compartilhou a reprodução de um recorte de jornal de 1993, mostrando um desmoronamento de terra provocado pela atividade em uma mina subterrânea dentro dos limites da cidade. "O solo urbano de Tierra Amarila colapsou como resultado da atividade mineira, como o de março de 1993 na mina Santos", dizia a publicação.
Na legenda do recorte de jornal, é possível ler: "em um setor próximo às atuais dependências da mina Santos, se produziu na madrugada de ontem um novo desmoronamento provocado por correntes subterrâneas de água engoliram um casarão, segundo a explicação da empresa".
Segundo o diretor nacional da Sernageomin, operações em conjunto com técnicos da empresa Candelaria constataram que o evento não provocou vítimas e nem afetou diretamente as operações na mina de cobre e nem os habitantes de Tierra Amarilla. "Este evento não afetou as pessoas, nem as equipes, nem as instalações tanto do subterrâneo quanto da superfície da mina. A companhia suspendeu os trabalhos abaixo do perímetro da cratera", disse, segundo comunicado publicado pela entidade. Fonte: Associated Press.