As chuvas que atingem o Estado do Rio desde o último fim de semana já obrigaram pelo menos 1.042 famílias a deixar os imóveis em que moram. O município que até agora mais sofreu com as enchentes foi Paraíba do Sul (centro-sul fluminense, na divisa com Minas Gerais), que ficou em estado de calamidade pública por quatro dias e voltou nessa terça, 18, ao estado de alerta. Outras sete cidades estão em estado de atenção. A situação tende a se agravar nos próximos dias, de acordo com as previsões meteorológicas. Deverá chover até o fim de semana.
Aviso emitido nessa terça pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informa que o Estado está em grau de perigo, o terceiro mais grave de quatro níveis de classificação. “Há riscos potenciais de alagamentos, deslizamentos de encostas e transbordamentos de rios”, diz o Inmet no documento. “A questão agora é chuva forte, mas persistente. O solo está saturado. Então, mesmo chuvas fracas podem resultar nesses problemas”, afirmou a meteorologista Marlene Leal, do Inmet.
Em Paraíba do Sul, há 850 famílias desalojadas – cerca de 3.000 pessoas. Elas foram obrigadas a abandonar temporariamente as casas e estão abrigados por parentes e amigos. Há ainda 112 famílias desabrigadas (450 pessoas), que precisaram ser alojadas em uma escola. As casas dessas famílias estão condenadas pela Defesa Civil. Não poderão mais ser habitadas. A prefeitura cancelou o carnaval e iniciou campanha para arrecadar comida, roupas, água e agasalhos.
Em Volta Redonda, sul do Estado, casas destelhadas e deslizamentos de terra deixaram 18 famílias desalojadas desde o último fim de semana. Nessa terça, elas puderam retornar para casa, de acordo com a prefeitura. Medição anteontem mostrou que, na cidade, o Rio Paraíba do Sul estava 3,8 metros acima do nível normal nesta época do ano.
A abertura das comportas da Usina do Funil (divisa com São Paulo) elevou o nível do Paraíba e deixou a situação de Resende ainda mais delicada. Não há famílias desabrigadas no município, mas o estado é de atenção. “Com o nível do rio desse jeito, o risco de alagamento é real. Uma chuva de meia hora vai alagar as ruas”, disse o coordenador de Defesa Civil, Atanagildo Oliveira. Às 9h, o nível do Paraíba era de 4,30 metros. O normal em janeiro é 2,50 metros. As comportas foram abertas quando a represa atingiu o limite de segurança de 80% da capacidade. No último dia 15, a água represada só ocupava 58% da represa.
No último fim de semana, houve 35 deslizamentos, 30 alagamentos, cinco quedas de árvores e três interdições de imóveis em Barra Mansa, cidade vizinha a Volta Redonda. Segundo a Defesa Civil, na primeira quinzena de janeiro choveu 302 milímetros, o equivalente a três meses. Ribeirinhos que vivem às margens dos rios Barra Mansa e Bananal estão em risco. A Vigilância em Saúde Ambiental da cidade já distribui cloro para a desinfecção das casas.
A região serrana do Rio, que sofreu enchentes e deslizamentos em 2011, volta a ficar em estado de alerta. Em Nova Friburgo, seis famílias estão desabrigadas. “Interditamos mais duas casas nesta manhã. Elas ficam em uma rua que ameaça ceder”, disse subsecretário de Defesa Civil, Robson Teixeira, acrescentando que houve o registro de 52 ocorrências de sábado até segunda-feira na cidade. Em Petrópolis, a Secretaria de Proteção e Defesa Civil registrou 515 deslizamentos, alagamentos e inundações desde a última sexta-feira – 56 imóveis foram interditados. Não há vítimas até agora.