O cientista político Christopher Garman, do Eurasia Group, afirmou nesta segunda-feira, 16, que há um desencanto em relação ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, a presidente sofre com perda de apoio, mas as pessoas dispostas a irem às ruas pedir impeachment estão concentradas nos centros urbanos. “Temos de lembrar que fazer impedimento da presidente é algo difícil e no sistema presidencialista dirigentes conseguem sobreviver a períodos difíceis, com baixos índices de aprovação”, disse o cientista do Eurasia, citando o exemplo da Argentina.
Para Garman, até agora não há fundamentação jurídica para abrir um processo de impedimento de Dilma Rousseff. “Enxergar condições políticas para um eventual pedido, seria mais para 2016”, disse ao argumentar que nos próximos três meses os índices de popularidade da presidente deverão cair. “O pior (em termos de pesquisa de popularidade) ainda está por vir”, destacou. E acredita que o governo ainda tem cartas para jogar neste cenário, portanto, deverá aprovar seu pacote fiscal, a despeito de todas as dificuldades.
Garman disse que, mesmo com as incertezas das manifestações, em sistemas presidencialistas não é fácil implantar um processo de impeachment. “Ainda mais de uma presidente que integra o maior partido de esquerda do País”, emendou. E disse que, apesar de ser um risco difícil de mensurar, atribui uma probabilidade de 20% para o impeachment. E reiterou: “Se ocorrer, será um processo mais para 2016 do que para este ano”.
Bala de prata
Para o cientista político João Augusto de Castro Neves, também do Eurasia Group e especialista em América Latina, não existe uma bala de prata para solucionar a atual crise. “Estão anunciado pacote anticorrupção e projeto de reforma política, acredito que haverá pactos similares aos feitos por ocasião dos protestos de 2013, mas não rendem dividendos imediatos para o governo, no curto e médio prazo o governo só conseguirá mostrar resultado se agir para conter a crise na Petrobras”, destacou Castro Neves, exemplificando com a divulgação do balanço da estatal e a melhoria em sua governança.
No “day after” das mobilizações que levaram multidões às ruas de todo o País contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), a GO Associados realiza, na tarde desta segunda-feira, 16, teleconferência com Garman e com Castro Neves, do Eurasia Group, e com especialistas em América Latina, para comentar o atual cenário e discutir os impactos políticos e econômicos que essas manifestações podem trazer para o País.
Um dos sócios da GO Associados, o ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Sabesp Gesner Oliveira falou da importância dessa análise após as manifestações, principalmente para saber se houve mudança no cenário.