O pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, se aproximou nos últimos meses do economista Nelson Marconi, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em busca de propostas para seu programa de governo.
A equipe do presidenciável já fez duas rodadas de reuniões no fim do ano passado na casa do economista em São Paulo. Os encontros foram em novembro e em dezembro. O próximo deve ser ocorrer no fim de março. Nas reuniões, Ciro foi acompanhado pelo irmão e ex-governador do Ceará, Cid Gomes, e pelo secretário da Fazenda do Estado, Mauro Benevides Filho.
Marconi faz parte da Associação Keynesiana Brasileira (AKB) e integra o grupo dos pesquisadores do Centro de Estudos do Novo Desenvolvimentismo, também da FGV. Nos últimos anos, participou de forma ativa do debate econômico. Criticou, por exemplo, a valorização cambial e a perda de participação da indústria na economia.
“Ciro tem um projeto de desenvolvimento para o País, o que não significa necessariamente o mesmo estilo Dilma”, afirma Marconi. “Ele tem clareza de que é preciso alguns preços macroeconômicos ajustados, câmbio competitivo, a taxa de juros mais baixa, e poupança pública para poder financiar os investimentos públicos.”
Na atual pré-campanha, Ciro tem procurado se posicionar como um nome de centro-esquerda e, nas questões econômicas, procura adotar um discurso mais moderado como forma de fazer um contraponto ao PT.
A assessoria do presidenciável informou que Marconi tem colaborado com a discussão do programa de governo e que deve ter um papel importante na campanha presidencial.
O primeiro contato entre Ciro e Marconi ocorreu em julho de 2016 quando o presidenciável participou de um evento interno no Centro de Estudos do Novo Desenvolvimentismo.
Em janeiro de 2017, voltaram a se encontrar por meio do ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira.
Nas reuniões realizadas no fim do ano passado, houve a participação de economistas de diversas instituições de ensino – da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Unicamp e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) – , de nomes do mercado financeiro, dirigentes de associações e empresários.
“Não são necessariamente pessoas que apoiam o Ciro, mas elas têm interesse em conhecer as propostas e eventualmente dar sugestões”, diz Marconi.
Pontos
Os principais pontos econômicos já discutidos deverão ser detalhados nos próximos meses, mas existem indícios para onde deve caminhar o plano de econômico de Ciro.
Na parte fiscal, o grupo discute a possibilidade de ter um regime de capitalização. “Não seria uma mudança abrupta, mas é preciso pensar se é possível fazer essa transição e como fazer”, diz Marconi.
Os economistas também se mostram contrários ao teto dos gastos. “O consenso dentro do grupo é de que precisa haver uma controle de gastos, mas que não necessariamente vai ser o teto. Precisamos garantir o investimento público, controlar os gastos correntes, a questão da dívida e, talvez, fazer algum modelo que permita ao Estado gastar mais em momentos de crise e que ele compense isso quando estiver crescendo”, diz.
Na área tributária, o grupo discute uma simplificação tributária e uma estrutura mais progressiva, ou seja, tributar mais a renda do que a produção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.