Cinéfilo de carteirinha conhece a história. Jean-Luc Godard procurava uma atriz. Fez espalhar que buscava uma que também o satisfizesse como amante. Há 60 anos, isso não era considerado ofensivo. Ele se uniu a Anna Karina e ela protagonizou alguns de seus grandes filmes. Viver a Vida, O Demônio das Onze Horas, mais conhecido pelo título original, Pierrot le Fou.
Convém não esquecer Uma Mulher É Uma Mulher. O segundo longa de Godard, de 1961, é a atração do Telecine Cult, às 23h desta terça, 22. Assim como o primeiro, Acossado, havia sido definido como um faroeste urbano, dessa vez o autor seguiu com sua súmula de gênero – Une Femme Est Une Femme foi chamado de musical sem canto nem dança. Repare como a câmera está sempre em movimento. Segundo o conceito dos cineastas da nouvelle vague, o travelling devia ser uma questão de moral.
A trama do filme gira em torno de Anna Karina. Ela se chama Angelá. Quer ter um filho. Seu companheiro, Jean-Claude Brialy, não aceita a ideia. Entra em cena Jean-Paul Belmondo para satisfazer o desejo de Angelá. Um triângulo amoroso rico em sugestões, em colorido. Tem toda a complexidade associada a Godard, mas passa por um de seus filmes mais simples. Quer dizer, simples como pode ser um filme de Godard.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>