O governo já reconhece que será necessário acionar mais usinas termelétricas neste ano. Embora não haja risco de desabastecimento de energia, a previsão de chuvas para os próximos meses não é favorável e deve levar ao uso de mais térmicas, que produzem energia mais poluente e cara para o consumidor. As informações constam de nota divulgada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão presidido pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Segundo o comunicado, o risco de déficit de energia neste ano continua inalterado em 0,3% no Sudeste e Centro-Oeste e em zero no Nordeste. “Entretanto, apesar de assegurado o abastecimento de energia para o ano de 2017, as condições hidrológicas desfavoráveis deverão levar a despachos térmicos mais volumosos, significando um aumento no custo da operação do sistema”, diz a nota.
De acordo com o documento, não há previsão de grande volume de chuvas nas principais bacias do País nos próximos 30 dias, o que deve comprometer a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas às vésperas do início do período seco, entre maio e novembro. No Nordeste, a previsão também é ruim para os próximos três meses.
Para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o CMSE prevê que os reservatórios atinjam entre 9% e 33,2% de sua capacidade ao fim do mês de novembro deste ano, condição “bastante dependente das condições hidrológicas do subsistema Sul”. Isso significa que o suprimento da região vai depender de energia produzida pelas hidrelétricas da região Sul.
Em fevereiro, as chuvas ficaram abaixo da média história em todas as regiões, exceto no Sul, onde atingiram 102% da média. No Norte, ficaram em 77%; no Sudeste/Centro-Oeste, 71%; e no Nordeste, 33%. Com isso, o nível dos reservatórios no fim do mês passado atingiu 51,7% de sua capacidade no Sul, 47,4% no Norte, 40,3% no Sudeste/Centro-Oeste e 20% no Nordeste.
A previsão, para o fim de março, é que o nível dos reservatórios atinja 65,8% de sua capacidade no Norte, 49,6% no Sul, 45,9% no Sudeste/Centro-Oeste e 23,1% no Nordeste.
No mês passado, 174,5 megawatts (MW) de energia foram adicionados ao sistema elétrico, além de 12 quilômetros de linhas de transmissão, de acordo com o CMSE.
Nordeste
A vazão das usinas da bacia do São Francisco pode ser reduzida novamente, por sugestão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A usina de Sobradinho pode ficar com defluência abaixo dos 700 metros cúbicos por segundo. O objetivo é preservar o reservatório da usina, “tendo em vista a grave situação hidrometeorológica desta bacia”. O atendimento no Nordeste será garantido por outras usinas.
Roraima
Um grupo de trabalho do governo vai avaliar medidas para aumentar a confiança no abastecimento de Energia em Roraima. A capital do Estado, Boa Vista, é a única fora do Sistema Interligado Nacional (SIN). O fornecimento de energia é realizado a partir da Venezuela e também por termelétricas da região.
O objetivo do grupo é analisar alternativas de expansão da geração no Estado para substituir usinas térmicas por empreendimentos que gerem energia a partir de fontes renováveis.