E a receita, que parece ser simples, deve ser muito onerosa para os cofres públicos. Lógico que o objetivo maior é ajudar os candidatos que têm o apoio descarado da máquina administrativa municipal para se eleger, além de se alinhar com os nomes majoritários de seu partido. Impressiona, no entanto, que a Justiça – seja o Ministério Público Estadual, seja o Tribunal Regional Eleitoral – faça vistas grossas aos mais variados descalabros praticados pela administração municipal. Basta ver a agenda do prefeito neste período, cheia de inaugurações de pequenas obras, caminhadas ao lado dos candidatos durante horário de expediente, plenárias e mais plenárias para reunir famílias da periferia a fim de apresentar algum tipo de benefício público, além da publicação e distribuição de centenas de milhares de uma revista de 24 páginas, toda colorida, propagando obras e realizações da Prefeitura, sendo que várias delas ainda estão no campo dos projetos e outras tantas nem terminadas estão. Assinada pela Secretaria Municipal de Comunicação, a publicação foi produzida pela PG Comunicação, sediada no município de Campinas, que – desde a primeira administração do ex-prefeito Eloi Pietá – detém a conta de publicidade da Prefeitura. Por coincidência – ou não – é a mesma que desenvolve materiais de campanha das candidaturas apoiados pela máquina. A revista vem sendo jogada em todas as casas do município, além de distribuída em eventos públicos, estabelecimentos comerciais, entre outros. Quem pega uma dessas edições tem a falsa impressão de que Guarulhos é uma cidade maravilhosa, com obras a perder de vista, onde o dinheiro público é tratado com muito respeito. Diz lá – nas páginas 8 e 9 – que “Guarulhos começa a tratar seu esgoto”, quando na verdade nem a fase de pré-teste da primeira estação teve início ainda. A revista mostra foto das piscinas do CEU Pimentas, único inaugurado até agora, com várias crianças à sua volta e interior. Porém, esses equipamentos ainda se encontram fechados à população, o que siginifica dizer que se trata de propaganda enganosa. Também não faz menção alguma que a Prefeitura contratou empresa, por mais de R$ 5 milhões, só para limpá-las. Diz que o “Adamastor chegou ao Ponte Alta”, quando a obra não foi concluída ainda. Traz ainda uma série de realizações que serão entregues em setembro. Ou seja, promessas, como muitas que nunca foram cumpridas. Toda esse excesso de propaganda institucional até seria aceitável se não envolvesse dinheiro público. Também se não se vivesse um período eleitoral, em que o prefeito usa impunemente a máquina pública a serviço dos interesses de seu partido. Mas, lamentavelmente, como ocorre em maior grau por todo o País, a Justiça não demonstra a energia que deveria nesses momentos, até para que se preservasse as instituições. Diferentemente disso, apenas dissemina-se um sentimento de impunidade atroz.
Com a máquina a todo vapor e de costas para a Justiça
O prefeito Sebastião Almeida (PT), apesar de não ter sua imagem bem avaliada pela opinião pública, tenta utilizar esse período eleitoral entrando de cabeça nas campanhas de seu partido para se tornar mais popular.
