Economia

Com caixa debilitado, Eletrobrás terá de investir R$ 32 bilhões

Desde o início do processo de renovação das concessões de geração e transmissão, em 2012, a Eletrobrás não tem tido um trimestre de sossego. De lá pra cá, as receitas da estatal despencaram 48%, o caixa recuou 30% e os prejuízos somaram R$ 15 bilhões até o último trimestre, segundo levantamento da empresa de informação financeira Economática. Apesar desse desempenho, nos próximos três anos, a empresa terá de desembolsar (junto com seus parceiros) R$ 32 bilhões para colocar de pé projetos já contratados.

Além disso, a estatal tem previsão de outros R$ 20 bilhões nesse período referente a projetos vencidos por ela recentemente (ainda não contratados) ou que ainda irão a leilão. A posição agressiva de investimentos reforça a tese de analistas de que, se a situação da empresa não melhorar nos próximos meses, haverá a necessidade de aporte do Tesouro para a companhia fazer frente às obrigações.

A aposta da estatal, no entanto, é que as indenizações de investimentos feitos antes de maio de 2000 sejam aprovadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no volume esperado. Os novos laudos preparados pelo grupo apontam para uma cifra de R$ 11 bilhões a ser ressarcida à empresa. Eletrosul e Eletronorte já entregaram os laudos. As demais estatais tem até o dia 31 para concluir suas avaliações.

“A boa notícia é que a empresa tem indenização para receber (se a Aneel reconhecer os valores) e esse dinheiro virá carimbado para novos investimentos”, afirma a analista da Standard & Poors (S&P), Julyana Yokota. Segundo ela, a Eletrobrás foi a empresa do setor elétrico que mais absorveu impacto da MP 579 (que renovou as concessões do setor elétrico e reduziu o preço das tarifas). Na semana passada, a S&P rebaixou o rating individual da Eletrobrás por causa da deterioração dos números.

A agência revisou o perfil de risco financeiro da Eletrobrás de “agressivo” para “altamente alavancado” porque os principais indicadores financeiros estão mais fracos do que ela havia projetado. “A Eletrobrás tem sido uma agente do governo para implementar estratégias microeconômicas relacionadas ao setor”, diz Julyana.

No último leilão realizado semana passada pelo governo, por exemplo, apenas a estatal e a Petrobrás venderam energia pelo preço médio de R$ 197 o MW hora – para o ano que vem a expectativa é que o preço no mercado de curto prazo fique em R$ 388. O objetivo era reduzir a exposição das distribuidoras, que estão sem contrato para atender 100% de seu mercado.

Já as geradoras de energia do grupo Eletrobrás vão desembolsar mais R$ 2 bilhões até o fim do mês. Elas geraram menos que o previsto no contrato e tiveram de comprar a diferença no mercado livre para entregar aos clientes. No terceiro trimestre, a energia comprada para revenda somou R$ 3,1 bilhões.

Outro ponto delicado dentro da Eletrobrás são as distribuidoras, que queimaram neste ano cerca de R$ 1,5 bilhão da empresa. Segundo a Eletrobrás, o estudo está em análise no Ministério de Minas e Energia e a empresa aguarda a decisão. “A venda de ativos de empresas menores daria uma boa ajuda no caixa da estatal”, afirma Julyana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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