Em algumas regiões de Guarulhos, segundo números obtidos pelo GWeb, baseados nos levantamentos pluviométricos realizados pela Defesa Civil Municipal, já choveu quase o dobro da média histórica para o mês de janeiro. A região central acumulou até a manhã deste dia 30 nada menos do que 406 milímetros. Segundo o Climatempo, a média histórica de Guarulhos para janeiro, levando em consideração os últimos 30 anos de medição, é de 238 milímetros. Nenhuma ação efetiva da Prefeitura vem apresentado qualquer resultado para a população neste momento.
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As precipitações, muito acima da média, implicam numa série de problemas por toda a cidade. Por mais que obras recentes tenham sido realizadas ou estejam em andamento, como o programa Viva Baquirivu que ainda não está concluído, mas garante a macrodrenagem de toda a bacia do rio Baquirivu-Açu, a força das águas supera a capacidade de drenagem. É um efeito em cascata. Afluentes, mesmo que tenham passado por serviços de limpeza, acabam transbordando também, invadindo ruas e muitas casas. Não existe um número oficial de quantas foram atingidas na cidade neste mês.
Em Guarulhos, até mesmo onde há um piscinão, como a Vila Galvão, ocorreram alagamentos nos últimos dias. A enxurrada que desce de bairros próximos em direção ao vale da avenida Francisco Conde, conhecida como 20 metros, onde está localizado o piscinão, faz com que o escoamento não dê conta. Geralmente, alguns minutos após o final das chuvas, a água escoa e o alagamento desaparece, mas não sem deixar marcas pelo caminho.
Como a cidade de Guarulhos é bastante grande, com um território de 319 quilômetros quadrados, existem grandes diferenças entre as regiões afetadas. Enquanto o Centro, uma das áreas mais afetadas na última semana, tem um acumulado superior aos 400 mm, o Aracília tem 127,8 mm de chuvas neste mês, bem menos que a média do mês. Cumbica também superou a média histórica. Tem já 324 milímetros. Foi lá, inclusive, que um motociclista caiu em um córrego e morreu na noite do último sábado durante uma enchente.
Nesta quarta-feira, pela primeira vez na história, a Defesa Civil Estadual emitiu alerta severo para Guarulhos, o que indicou grande risco de alagamentos e deslizamentos para a população. Houve uma série de alagamentos em vias da cidade toda. Muitas chegaram a ficar intransitáveis por tempos diversos, desde 10 a 15 minutos até mais de uma hora, até as água baixarem, sem a necessidade da intervenção da Prefeitura.
Já a Defesa Civil Municipal, que no fim da tarde desta quarta-feira, informou ter registrado apenas duas ocorrências com maior gravidade, informou nesta quinta-feira que foram nove registros, um número muito menor do que a população apresentou em postagens em redes sociais e em reclamações aos meios de comunicação. Mas o órgão municipal só registra os casos em que realmente foi acionado por meio de seus canais de comunicação.
Como há previsão de mais chuva nos próximos dias, pelo menos até domingo, Guarulhos ainda sofrerá bastante com os efeitos, com novos alagamentos e riscos de deslizamentos e invasão das águas em casas de bairros inteiros, sem que a Prefeitura consiga atuar para conter os efeitos destes temporais.
Medidas paliativas não resolvem em curto prazo. Na semana passada, um córrego chegou a ter o leito afundado com a presença do prefeito Lucas Sanches, numa das poucas imersões do chefe do Executivo a área afetadas pelas enchentes, para gravar um vídeo para as redes sociais. A medida, que teria sido defendida no local pelo prefeito, que é engenheiro civil, não surtiu nenhum efeito positivo. No dia seguinte, devido à falta de planejamento na ação, uma outra chuva mais forte e causou estragos ainda maiores em todo o entorno. A região do Campo da Paz teve uma inundação bem maior que a de muitos anos.