A greve dos servidores púbicos municipais de Guarulhos até pode terminar nesta segunda-feira, com a conciliação marcada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Mas o movimento deixará sequelas quase insanáveis para o prefeito Lucas Sanches (PL), que insistiu em conceder apenas 2% de reajuste e forçou os vereadores da base a aprovarem sua proposta na Câmara Municipal. Isso gerou grande desconforto e um verdadeiro impasse da administração sobre qual caminho seguir.
A possibilidade de Lucas ceder e conceder algum reajuste maior não é bem visto por boa parte dos 23 vereadores da base que votaram pelos 2% a mando do Governo, conforme antecipou o GWeb em reportagem publicada na sexta-feira. No mesmo dia, um grupo de parlamentares se reuniu com a administração reclamando que o ônus recaiu sobre eles e que qualquer reajuste maior neste momento passará a ideia de que os vereadores agiram contra os trabalhadores, enquanto Lucas ainda tenta se salvar.
Os parlamentares entendem que Lucas deve fazer prevalecer o discurso que aponta a Prefeitura sem condições de oferecer qualquer índice a mais, sob o risco de exceder o limite imposto pela lei de comprometimento da folha de pagamento. No entanto, pelos cálculos apresentados até aqui, há ainda margem para um reajuste maior, o que não foi considerado na proposta oficial.
Diante da pressão, Lucas – que já estaria convencido de que precisa avançar no reajuste – pode voltar atrás mais uma vez. Pessoas próximas dizem que o estrago já foi feito e comprar uma briga com a base neste momento de início de gestão poderá inviabilizar outros projetos importantes de interesse do governo como, por exemplo, um reajuste maior no IPTU no ano que vem, já que o imposto está congelado há oito anos e diversos movimentos da administração e de parlamentares da base aponta para isto.
Por isso, a decisão da Justiça nesta segunda-feira deve ser fundamental para o reajuste a ser dado. Uma decisão para um índice maior é bem provável, mesmo que de forma parcelada. Mas sem a paternidade do governo e muito menos dos vereadores.
O STAP (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública), por sua vez, caso não jogue contra os servidores após o sucesso do movimento na primeira semana, poderá ter renascido das cinzas, já que estava bastante desacreditado pela categoria. Nos últimos anos, o poder de mobilização da entidade foi bastante pífio, a ponto de grande parte dos funcionários públicos se afastar de qualquer chamado de seu sindicato.
A greve
O movimento grevista iniciado na segunda-feira passada, depois que a Câmara Municipal aprovou apenas 2% de reajuste, seguindo a determinação do prefeito, contra os 8% reivindicados pela categoria, cresceu muito ao longo dos dias, causando prejuízos à população, que viu escolas fechadas e o já precário atendimento de saúde mais prejudicado.
Nesta segunda-feira, a mobilização deve ocorrer na avenida Esperança, em frente ao STAP na Vila Progresso. A tendência é de que seja a maior manifestação realizada até aqui.


